quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pesquisa diz que 66% dos trabalhadores são a favor de banir as redes sociais dos ambientes de trabalho, será por que poucos deles ousam dizer não?

Pouco mais de 65% dos curitibanos que têm acesso à internet no trabalho concordam que as empresas deveriam proibir o uso das redes sociais durante o expediente. Cerca de 70% também acham correto que as companhias monitorem os sites frequentados pelos funcionários. O resultado é de um levantamento do Paraná Pesquisas, feito com exclusividade para a Gazeta do Povo entre 14 e 24 de janeiro. A margem de erro é de 7 pontos porcentuais.

Uma das possíveis explicações para o resultado é a percepção de que o uso das redes sociais afeta a produtividade dos trabalhadores. A Mundi Trade, empresa de comércio exterior, optou por banir os sites de relacionamento justamente por perceber que o acesso ao Facebook, Orkut e Twitter estava afetando o desempenho da equipe. A decisão foi tomada em conjunto com os funcionários, de acordo com o diretor-geral da companhia, Bruno Molteni. Ele conta que, após um levantamento, foi constatado que cerca de 30% das horas de trabalho dos funcionários eram gastas em alguma rede social. “Mostramos os números e eles concordaram que era a melhor coisa a ser feita. O fato de não ser bloqueado gerava uma certa tentação, então eles próprios foram a favor de bloquear, porque seria uma maneira de melhorarem seus rendimentos no trabalho”, diz Molteni.

Na Perkons, empresa de tecnologia e soluções de trânsito, a mudança foi no sentido contrário. Antes pouco flexível em relação ao uso das redes sociais, a empresa estipulou uma nova política em setembro do ano passado. Agora, basicamente, a responsabilidade é do funcionário, conta Régis Eidi Nishimoto, gerente de operações da empresa. “A nossa orientação é que o funcionário não deve fazer nada que a lei do nosso paí não permite. De resto, não bloqueamos nada”, afirma ele. “Obviamente a gente recomenda o uso consciente dos sites, mas isso vai de cada um. O que importa é o que vai se refletir no resultado.” Com cerca de 300 funcionários, a Perkons também orientou os trabalhadores a não repassar informações sigilosas e confidenciais da empresa.

Quem acessa

Segundo o levantamento do Paraná Pesquisas, 65% dos entrevistados afirmam não acessar as redes sociais no trabalho. Entre aqueles que usam, 45% dizem que frequentam as redes sociais apenas para assuntos particulares; 26%, para assuntos profissionais; e 29%, para ambos.

E-mail

Metade dos curitibanos afirmou que acessa o e-mail pessoal du­­rante o trabalho. Destes, a maioria diz checar o e-mail apenas uma vez ao dia. O uso do e-mail de trabalho em casa também foi alvo das perguntas – 45% afirmaram que checam o correio eletrônico da empresa nos fins de semana, feriados ou nas férias.

Quando questionados sobre qual aparelho utilizam para acessar a internet no trabalho, 84% afirmaram que usam o computador, 27% utilizam o celular e 5% usam tablets. Quase 20% também afirmaram que não estão satisfeitos com a máquina de trabalho oferecida pela empresa.

Poucas empresas têm código de conduta

Um dos resultados que mais chama a atenção no levantamento do Paraná Pesquisas é o número de empresas que não têm uma política de uso das redes sociais pelos funcionários. Segundo a pesquisa, apenas 34% dos entrevistados afirmam que a companhia para qual trabalham têm um código de conduta a esse respeito.

Para José Manuel Catarino Barbosa, diretor-geral da sal­sa:mobion, consultoria especializada em inteligência e estratégia digital, a empresa deve se planejar e implementar uma política do uso das redes sociais de forma gradual. “O primeiro passo e um dos mais importantes é orientar o funcionário sobre como usar a rede social. Pode ser que ele não tenha acesso aos sites no trabalho, mas ele terá em casa, na lan-house, em algum lugar. E a empresa precisa deixar clara a sua posição. Se esse funcionário colocar em seu perfil que ele trabalha na empresa X, a empresa estará automaticamente ligada à imagem desse funcionário”, diz Barbosa.

Ele diz que as recomendações são baseadas no bom senso, como ter cuidado em fazer brincadeiras envolvendo o local de trabalho e o sempre falar de maneira positiva quando usar o nome da empresa em algum comentário.

O segundo passo, segundo Barbosa, é a entrada numa rede social mais íntegra, diferente das mais populares, como Facebook e Twitter. “A primeira rede social que recomendamos liberar é o LinkedIn. É uma rede eminentemente profissional, em que a pessoa não vai poder postar fotos ou ficar dando suas opiniões. É um começo de um processo de aculturação de uso consciente das redes sociais. Depois, começamos a liberar alguns blogs relacionados à atividade do trabalho”, afirma. As etapas seguintes são de liberalização do YouTube e, então, do Facebook e Twitter. Em média, o processo dura cerca de seis meses, segundo Barbosa. (GP)


Outro ponto de vista:


Usar livremente a Internet no trabalho aumenta a produtividade



O dono de um negócio pode não aprovar que um funcionário leia sobre a situação do Corinthians no Campeonato Brasileiro ou acompanhe sites de leilões durante o horário de trabalho. Mas, quando de forma moderada, dar liberdade aos funcionários de navegar na Internet pode realmente ajudá-los a trabalhar melhor.

Surfar na web no serviço não é apenas inofensivo, como tambémaumenta a produtividade, de acordo com uma equipe de pesquisadores da Universidade Nacional de Cingapura. A liberdade de acessar sites na Internet oferece uma “recompensa imediata” e ajuda os trabalhadores a “restaurar recursos drenados pelo trabalho”, reportaram especialistas, na semana passada, no encontro da Academy of Management em San Antonio, no Texas (EUA).

As descobertas baseaiam-se em um estudo com 98 participantes com uma média de idade de 21 anos, que foram divididos em três grupos de controle. Cada equipe ou surfava na Internet por 10 minutos, ou fazia qualquer outra coisa, exceto acessar sites, ou realizavam a tarefa de empilhar varetas em grupos de cinco.

Após o período de 10 minutos, cada grupo teve que grifar com um marcador quantas letras “a” apareciam em um texto de 2 mil palavras, em novos 10 minutos. Depois dos testes, os participantes responderam a um questionário para ajudar a determinar os níveis de tédio, exaustão mental e engajamento psicológico.

Os resultados mostraram que o grupo que surfou na web obteve melhores resultados no teste. Eles foram mais eficientes que os outros dois grupos. Além disso, quem praticou um pouco dessa vadiagem online respondeu no questionário que estava com menos exaustão mental e tédio que outros participantes.

Navegar é melhor que ler e-mails De acordo com o estudo, checar e-mails, na verdade, não oferece os mesmos benefícios que a navegação. Isso porque checar e-mails exige mais atenção e é uma tarefa mais “cognitiva”. Além disso, já que os funcionários não têm controle sobre o conteúdo das mensagens que recebem, ler e responder e-mails exige maior parcela de capacidade mental que a navegação na Internet.

Riscos de segurança podem ser minimizados Alguns proprietários de empresas de médio porte proibem o acesso a páginas de Internet sem vínculo com o trabalho dos funcionários. Eles podem se preocupar com ofensas a colegas de serviço ou com o download de malwares. Entretanto, você não deve proibir a navegação dos funcionários por esses motivos, porque você pode tomar providências para garantir que surfar na web é seguro.

Além de minimizar os riscos de segurança a rede com um firewall e antivírus, você pode colocar em prática políticas eficazes para os usuários. Sua empresa pode, por exemplo, proibir downloads ou instalações de qualquer tipo de software de terceiros; o acesso a certas páginas, ou sites de streaming (transmissão em tempo real para a Internet) de vídeo, que podem congestionar a sua rede.

Funcionários precisam de liberdade Os funcionários devem ter permissão para navegar na Web no trabalho, mas com moderação, é claro. Alguém que passa a maior parte do dia acessando o site de novelas ou de esportes, obviamente, vai ter problemas para trabalhar. De fato, os pesquisadores de Cingapura dizem que os chefes devem dar uma "quantidade limitada de uso pessoal da web", implicando que gastar muito tempo com assuntos não relacionados ao trabalho não é uma coisa boa.

Mas o excesso de agressividade no uso de softwares de monitoramento para impedir os usuários de gastar muito tempo surfando na Internet não é a solução e, sem dúvida, não é uma atitude ética. Os escritórios dos Estados Unidos se reservam no direito de monitorar o uso da web, mas isso não significa necessariamente que os empregadores devem monitorar rotineiramente o que os funcionários fazem na Internet, mesmo que isso seja legal. Especialmente em locais de trabalho em que os profissionais são pagos por os resultados, muitos funcionários vão pensar que a quantidade de tempo gasto na navegação não é da conta da administração.

A melhor prática é permitir que os funcionários naveguem na web tornando-os conscientes da política da empresa e, depois, dar-lhes a liberdade de trabalhar. (CIO)


Internet e trabalho compatíveis


LINO RESENDE


A internet tornou-se, nos últimos anos, um componente importante da vida das pessoas e invadiu, literalmente, o campo do trabalho, com vários segmentos a utilizando intensamente. Quem a utiliza menos, recebe e responde emails, também a usando como ferramenta de trabalho. Só que, em algumas empresas e sob o argumento de que atrapalha as tarefas das pessoas, o acesso à grande rede é bloqueada ou somente parcialmente liberada, com restrição a sites e à navegação.

Mas será que a internet atrapalha mesmo o trabalho? Pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, se fizeram esta pergunta e para obter uma resposta foram a campo, inquirindo empresas e trabalhadores sobre o hábito de uso da grande rede e se o faziam no trabalho. O que eles concluíram é que, usada moderadamente – aliás, este é um mantra para todas as outras coisas, já que a moderação é sempre recomendável – a internet ajuda no trabalho, tornando-o mais produtivo, aumentando o nível de concentração dos empregados.

O que os pesquisadores constataram é que, no caso do uso da internet, o moderado, pelo menos quando se está no trabalho, é de 20 minutos por dia. Neste tempo, o empregado pode ver o que quiser, ler seus emails, visitar alguns sites de notícias, atualizando-se e depois voltando às suas tarefas. E esta moderação, medida, levou à constatação que a sua prática aumenta em 9% a produtividade das pessoas. Então, ao contrário do que muitos pensavam, acessar a internet do trabalho não faz com quem a pessoa se disperse do trabalho, mas o melhora.

Um outro dado da pesquisa é que, pelo menos em relação a pesquisa da Universidade de Melbourne, 70% dos consultados afirmam que usam a internet como lazer, quando a acessam do trabalho. Nela, têm um momento de descontração, de colocar de lado os problemas e até de desestressar. E com isso, ganhar novo impulso para a execução de suas tarefas. A pesquisa não entra nas minúcias dos hábitos de navegação, tampouco aponta horários ou períodos em que isso é feito. O que conclui é que fechar a grande rede para os empregados ao invés de ser benéfico para a empresa, pode se transformar em um problema.

E você, consegue acessar a internet do seu trabalho? No meu caso, estou permanentemente conectado a ela, seja em casa, seja no trabalho. E a grande rede, por sinal, tornou-se fundamental para o tipo de trabalho que desenvolvo e ofereço. Sem ela minha vida – e dos meus clientes – ficariam bem mais difíceis.




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