Diante do surgimento de novas denúncias sobre operações com sinais de irregularidades realizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, deve afastar também o diretor de Infraestrutura Rodoviária do órgão, Hideraldo Luiz Caron, indicado para o cargo pelo PT. Este será o sétimo integrante da área de Transportes a cair desde o final de semana passada, quando surgiram as primeiras denúncias.
Segundo fontes do governo, na manhã desta segunda-feira, 18, o ministro dos Transportes telefonou para Hideraldo Caron comunicando a decisão de afastá-lo. Estariam sendo negociadas a forma como isso se daria. Ou seja, os dois estariam decidindo como e quando anunciar. Hideraldo não aceita sair com sugestões de que estaria sendo afastado sob suspeição.
A decisão da saída de Caron já havia sido desenhada com o Planalto na sexta-feira, 15, e era esperada para o fim de semana, mas ele sobreviveu às notícias das revistas e jornais de domingo, 17. Neste acerto com o Planalto, além de Hideraldo Caron, também estaria na mira para deixar o cargo a qualquer momento Felipe Sanches, que ocupa interinamente a presidência da Valec e que entrou no lugar de José Francisco das Neves, afastado na primeira leva.
A determinação da presidente Dilma Rousseff ao ministro Paulo Sérgio Passos foi de que ele faça "um limpa" nos órgãos vinculados ao Ministério dos Transportes. A saída de Caron já estava sendo articulada porque o governo entendia que era preciso "fazer um gesto" para os aliados, que viam em Caron o "fogo amigo" atacando os demais integrantes do Transportes e se preservando. Com o afastamento de Caron, o governo daria demonstração de que está cortando "na própria carne".
No fim de semana, no entanto, o governo não viu problemas nas publicações contra o atual ministro, Paulo Sérgio Passos, de que ele teria liberado um total de R$ 78 milhões em créditos suplementares para três grandes obras que constavam da lista de irregularidades do Tribunal de Contas da União (TCU). Desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Palácio vem travando uma queda de braço com o TCU, que discorda do método usado pelo órgão de fiscalização para pedir a paralisação de obras. O governo entendeu que as explicações dele, na entrevista dada sábado, 16, foram suficientes.
Na sexta-feira, quando manteve a segunda reunião do dia com a presidente Dilma Rousseff, no Planalto, Paulo Sérgio Passos, já ciente das novas denúncias, agora contra Caron, teria acertado o afastamento de Hideraldo Caron. Na conversa, já ficou sinalizado também o afastamento do presidente da Valec. A presidente está "insatisfeita" e "incomodada" com o volume de denúncias contra a área de Transportes e determinou a Paulo Sérgio que aja imediatamente, sem ficar contemporizando. A presidente afirma que não quer execrar ninguém e que é preciso agir com equilíbrio, para que não sejam cometidas injustiças, mas ela também não está aguentando mais tantas denúncias e suspeições em um único setor do governo e quer que providências sejam tomadas o mais rápido possível para sanear os Transportes e estancar a crise que, por enquanto, parece não ter fim. (AE)
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