sexta-feira, 5 de março de 2010

Democracia Socialista




A Democracia Partidária e o Partido dentro do Partido

O maior problema na vida interna das nossas legendas partidárias é que desconhecemos grande parte do que é decidido pela direção executiva e isto trás enormes prejuízos para a construção diária do processo socialista. Por não ter acesso às deliberações, que são reincidentemente unilaterais, a direção estadual e as organizações da base partidária ficam alijadas do exercício ideológico estratégico da Democracia Socialista, sendo que está só pode ser exercida com o uso dialético do centralismo democrático, pois só assim o partido marxista leninista é construído.

Repetindo fatos anteriores mais uma vez alguns membros da executiva sozinhos tomam uma decisão e sem o debate nem ao menos junto ao coletivo da direção estadual, quanto mais junto relação às organizações de base, de questões de cunho estratégico como foi este episódio de rompimento com o governo Requião. Uma deliberação tão importante como está deveria ter sido tomada pelo coletivo, mas não foi.

Algumas pessoas se consideram com mais direitos partidários do que as outras agem de forma ditatorial, o que do ponto de vista ideológico, achando que unilateralmente podem nos representar, do que baseados no estatuto partidário profundamente discordam. O Partido não pode ser transformado em uma Igreja aonde as decisões de cunho estratégico são tomadas por pessoas que se achando “iluminadas” agem a revelia do poder de decisão do conjunto partidário.

A direção executiva partidária, para que possa ser vista e respeitada como tal, deve se abrir para o partido, não só para que tenhamos maiores condições de fortalecer pelo centralismo democrático a nossa dinâmica organizacional como para que possamos marchar unidos e também atrair mais quadros dirigentes de grupos sociais ao partido pelo exemplo de democracia interna.

No conjunto erramos ao não nos posicionarmos diante de fatos que se repetem e a cada atitude antidemocrática cada vez mais forte por parte de alguns não reagirmos enquanto conjunto. Fomos cada vez mais nos silenciando a respeito dos nossos objetivos revolucionários e caindo insensivelmente nos limites de um quadro estritamente anti-estatutário ao nos submetermos as pequenas manobras de uma minoria, que agindo desta forma ao ferirem os estatutos não nos representa enquanto um todo.

Essa tendência direitista de se colocarem enquanto “donos do PC do B” se caracteriza pela sistemática contenção das lutas ideológicas, que necessariamente tem de serem travadas de forma dialética por conjunto partidário marxista leninista. Só assim eles conseguem impor de cima para baixo as posições deste agrupamento que é um partido dentro do partido.

Temos que lutar para que o Partido deixe de ter uma relação “religiosa” ao manter este clima extremamente solene da infalibilidade ditatorial de alguns nos leva a uma profunda incapacidade de pensar e pronunciar críticas, por menores que fossem, a essas figuras.Elas ao agirem por si e para si não nos representam enquanto conjunto, já que nos negamos baseados na metodologia progressista e democrática de organização partidária a respeitar e a seguir as vontades unilaterais destes que se acham iluminados.

O culto à personalidade cumpre o papel fundamental para a manutenção de um falso monolitísmo partidário no qual criatividade e a crítica, que são intrínsecas para a existência de uma agremiação democrática, longe de representarem instrumentos de aperfeiçoamento, são vistos como perigos para os que dele se beneficiam se manterem no poder.

Alguns membros da direção central executiva, que são elementos sem grande base teórica ideológica, aproveitavam-se do “culto” para podar qualquer atitude intelectual partida dos outros quadros e da militância partidária.

O “centralismo democrático” dá lugar à manipulação generalizada por parte de alguns membros do organismo dirigente.

Não deve ser a prática de um dirigente marxista leninista introjetar nos membros do partido o comportamento do indivíduo servil, obediente, sem capacidade crítica diante de seus superiores partidários.

Eu não posso aceitar que companheiros tão heróicos nas situações de perigo se mostram subservientes, tão incapazes de revide, diante das atitudes ditatoriais tomadas por alguns dos dirigentes, já que o partido é tudo e ele para ser considerado enquanto tal tem de representar a vontade do coletivo.

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