quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Mãos dadas contra o tráfico de pessoas

CONSCIENTIZAÇÃO




Paulo Abrão e João Guilherme



O tráfico de pessoas é a manifestação moderna de formas de violência muito antigas. Ela se aproveita dos impulsos naturais de busca de oportunidades e sonhos para ludibriar potenciais vítimas a se envolverem em redes criminosas que podem estar ligadas a explorações e abusos dos mais graves: do trabalho forçado ao casamento servil, da exploração sexual à comercialização de órgãos humanos. Incluindo ai situações de cárcere privado, retenção de documentos, submissão por meio da imposição de dívidas. São muitas as formas de execução e essa diversidade e complexidade são algumas das dificuldades em seu combate.


A consciência nítida sobre o que é esse crime e como enfrenta-lo é uma responsabilidade compartilhada entre o Estado e a Sociedade. Do lado do Estado, tem-se iniciativas para capacitação e formação de profissionais de segurança pública e de uma rede de atendimento às vítimas e a qualquer pessoa que se sinta sob a ameaça dessas organizações criminosas, a Rede Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Essa rede estará presente até o início de 2013 em 15 estados brasileiros, e se compõe de lugares preparados para receber, escutar e encaminhar de forma segura e adequada quem necessite de atendimento a partir da especificidade de cada caso.



Ao lado desse esforço, é essencial tomar consciência das dimensões desse crime. Por suas características, ele é um crime de difícil reconhecimento. Entre os anos de 2005 e 2011, foram identificadas menos de 400 vítimas, embora o número de pessoas exploradas possa ser bem superior. Contribuem para esse quadro a marca de preconceito que ainda paira sobre as pessoas que sofrem nas mãos desses criminosos. A ideia de que as pessoas escolheram seus destinos, o medo e a vergonha impedem que muitas pessoas procurem ajuda ou denunciem seus aliciadores, e mesmo entre familiares, é recorrente o sentimento de que a culpa é da própria vítima.



Nada mais errado. E um dos principais papeis da sociedade nessa responsabilidade compartilhada é este: conscientização e sensibilidade, abertura para entender o que um ente querido, um parente, um filho ou vizinho que podem estar nessa circunstância precisa. A escolha de mudar de cidade, região ou país não é pretexto para sofrer penação, nenhum constrangimento, nem cerceamento de direitos. Essa escolha deve ser respeitada, e se sua motivação, por promessas de emprego, melhores condições de vida, tenha se mostrado falsa ou enganosa, são as pessoas e organizações que produziram essa ilusão, elas sim devem ser responsabilizadas. Os canais de escuta das autoridades estão abertos, seja pelo contato direto com o núcleo de enfrentamento ao tráfico de pessoas no seu estado que encaminhará a vítima para a rede referenciada, seja pelo Disque 100 ou 180.

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