domingo, 29 de janeiro de 2012

O DIREITO HISTÓRICO DE A UPES MANTER SUA SEDE PRÓPRIA

O atual acampamento em, defesa da sede da UPES


O acampamento de 107 dias de resistência realizado em 2009, no meio dos escombros da antiga sede que foi derrubada

Ninguém pode negar a importância histórica da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas tem e teve para o conjunto da juventude de nosso Estado em sua busca por direitos.

Por ela, que tão importantes lutas travou em defesa da educação pública e gratuita de boa qualidade para todos, como em defesa da democracia nos terríveis anos da ditadura, passaram, e se formaram, importantes quadros que até hoje contribuem para a construção do processo democrático paranaense e brasileiro. Entre os seus ex-dirigentes podemos citar seu ex-presidente Valmor Stedile, importante quadro do PDT, como o ex-presidente Fernando Luiz Fernando Esteche e a ministra Gleisi Hoffmann, que dirigiu a UMESC, União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Curitiba, entidade filiada a UPES. Poderia citar dezenas de outros que militaram no MDB jovem contra a ditadura, que nas fileiras da UPES se formaram e lutaram, tais qual o Júlio Manso, Clovis, Ezequias, Vermelho, Jussara, e até eu mesmo, entre tantos outros.

Para entender o que atualmente ocorre com o terreno pertencente à UPES, já que a sua antiga sede foi imoralmente demolida, temos de voltar ao passado.

Em 1970 a gestão da UPES, com grandes sacrifícios por parte da massa estudantil para viabiliza os recursos, conseguiu comprou o terreno localizado à Rua Marechal Mallet, nº250 – Juvevê – Curitiba, onde com mais sacrifícios ainda viabilizou a construção de uma modesta sede estadual para o Movimento Estudantil Secundarista em 1972. Ela além das reuniões da entidade e deter a sua estrutura administrativa ali instalada também serviu de abrigo para os dirigentes estaduais, em sua maior parte estudantes de origem humilde, enquanto dirigiam a entidade instalada na capital.

Em uma tão rica trajetória histórica eventualmente surgem percalços e entre outros um teve maior gravidade. Alguns crápulas que momentaneamente encabeçaram uma gestão totalmente irregular na direção da UPES, ilegalmente venderam o terreno da entidade, e de forma suspeita por um preço absurdamente baixo. Isto ocorreu à revelia do Movimento Estudantil, pois os que fizeram a venda não contavam com o aval e a legitimidade da aprovação de todos os fóruns legítimos da entidade, que representa entidades de cunho micro-regionais e centenas de Grêmios Estudantis, mas na criminosa venda nenhuma destas representações de base foram consultadas. Os absurdos cometidos por aqueles falsos dirigentes foram tantos que aquela gestão não era reconhecida pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e pela Justiça, já que chegaram ao poder por um processo totalmente irregular.

Em 1994 houve a primeira derrubada do prédio da UPES, a gestão da época resistiu e logo construiu outra sede, mostrando assim o poder de mobilização social e de lideranças dos estudantes do Estado. Em 2009 a Incorporadora Curitibana, que se diz proprietária do terreno, derrubou mais uma vez a sede e os estudantes em massa se levantaram em defesa do que é patrimônio de todos os estudantes secundarista paranaenses. Foram 107 dias de luta por parte de centenas de estudantes, que em repúdio ao que ocorria acamparam resistindo no terreno, que representa muito mais do que uma mera propriedade.

Desde o ano passado a Incorporadora mais uma vez vem tentando uma liminar para tomar o terreno dos estudantes, j[á que desde 2008, quando o processo foi reaberto, o Juiz responsável não deu nenhum encaminhamento, nenhuma sentença. Por esse motivo, na espera da decisão judicial que resgate os direitos da entidade, os estudantes este ano voltaram à acampar para resistir e garantir que a sede, que desde 1972 é a sede representativa dos estudantes paranaenses, não seja mais uma vez derrubada pela incorporadora.

No objetivo de preservar o que é patrimônio histórico de todos os estudantes secundaristas no dia 08 de Janeiro de 2012 diversos estudantes de Curitiba e de diversas regiões do Paraná iniciaram uma grande jornada de resistência à especulação imobiliária que pretende dar início à um processo de reintegração de posse da sede. Segundo a Imobiliária Menezes, principal articuladora de todo o processo de tentativa de tomada do terreno, a sede da UPES é de propriedade deles, já para as centenas de milhares de estudantes de todo estado isto não legal ética e moralmente verdadeiro.


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