segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Analistas classificam como um erro a intervenção militar dos EUA no Iraque

“Um erro colossal” é a maneira como Mike Miller define a Guerra do Iraque. Professor da Uni­ver­sidade de Delaware e especialista em Segurança Nacional nos Esta­dos Unidos, ele é bastante objetivo ao comentar a intervenção norte-americana inspirada pelo 11 de Setembro: “Não conheço ninguém que a apoie”.

A Guerra ao Terror anunciada pelo presidente George W. Bush começou nas ruas de Nova York – moradores se lembram dos tanques e militares ocupando as ruas da cidade nos dias subsequentes aos atentados – e avançou até os territórios iraquiano e afegão.

Se a Guerra do Afeganistão rende discussões e controvérsias, pa­­rece mesmo haver um consenso em torno do conflito no Iraque. “O governo Bush traiu os americanos. Foi escandaloso”, diz Miller. Agora, os EUA precisam sair definitivamente do país, mas não conseguem, porque a segurança interna está muito instável.

Em entrevista por e-mail, Robert Jervis, professor de Re­­la­ções Exteriores da Univer­sidade Columbia, em Nova York, afirma que a Guerra do Iraque foi significativa em dois sentidos. “Tanto no volume de dinheiro que consumiu – diferentemente de outras guerras americanas, ela foi totalmente paga com empréstimos – quanto no de vidas perdidas”, diz.

Para Jervis, o país teve uma experiência inédita ao derrubar Saddam Hussein e assumir os problemas do Iraque. “Acredito que o conflito iraquiano ensinou aos EUA uma lição valiosa, mas dolorosa, a respeito das dificuldades de se reformar outras sociedades”, afirma o professor de Columbia.

O conflito no Afeganistão, país que abrigava terroristas, recebe críticas, mas foi com ele que os americanos conseguiram atingir algumas das metas que almejavam. A maior delas? Desmantelar a Al-Qaeda.

“Não existem mais ataques de grandes proporções. Isso é um fa­­to”, diz Marcos Alan Fer­reira, do Ins­tituto Nacional de Ciência e Tec­nologia para Estu­dos sobre os Es­­tados Unidos. Pa­­ra Ferreira, a ação militar no Afe­­ganistão, iniciada em 2001 mesmo, foi um acerto. “Era um Esta­do que não respeitava os direitos humanos”, diz.

Analisando as campanhas americanas no Oriente Médio, a professora de Geopolítica Luciana Worms, da rede Positivo, vê como o 11 de Setembro alimenta a fornalha do motor que faz funcionar um círculo vicioso. “É necessário que os homens chamados de terroristas cometam suas barbáries para que os EUA possam justificar sua política intervencionista. Os EUA precisam do terror”, diz.

A lógica americana gerou uma quantidade avassaladora de problemas e quem está lidando com eles hoje é o presidente Barack O­­­­ba­­ma. Aqui, o professor Mark Mi­­l­ler diz que, embora o mandatário esteja determinado a tirar os EUA do Afeganistão, ele sente a pressão política.

“Ele não quer os republicanos culpando-o pela perda do Iraque e do Afeganistão e, no entanto, é evidente que os EUA não têm como ‘vencer’ nenhuma das duas guerras”, diz Miller. Para o analista, a única maneira de os EUA “livrarem a cara” seria fazer um acordo regional envolvendo o Irã e a Turquia. “Mas o Irã é o novo bicho-papão [dos americanos] e a esperança de Obama de melhorar as relações com o governo iraniano não se confirmou. Aqui, Israel é um fator-chave”, diz, referindo-se ao fato de o Irã de Mahmoud Ahmadi­nejad não reconhecer o Estado de Israel. (GP)

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