terça-feira, 16 de novembro de 2010

Nos EUA, deportações atingem recorde no governo Obama


BBC

Presidente americano foi eleito com apoio de imigrantes e promessa de reforma nas leis de imigração.

EUA deportaram 392.862 imigrantes ilegais no último ano fiscal

As deportações de imigrantes ilegais atingiram números recordes nos Estados Unidos durante o governo de Barack Obama, considerado mais rígido que os anteriores na fiscalização desses casos e na aplicação de penalidades.

No último ano fiscal (encerrado no fim de setembro), os Estados Unidos deportaram 392.862 imigrantes ilegais, um aumento em relação às 389 mil deportações registradas em 2009 e às 369 mil de 2008.

Além do maior número de deportações que seu antecessor, George W. Bush, o governo Obama também tem aumentado a fiscalização sobre empresas e estabelecimentos comerciais que contratam imigrantes ilegais.

Mais de 2,2 mil estabelecimentos foram investigados neste ano sob suspeita de empregarem imigrantes ilegais - em 2009, esse número foi de menos de 1,5 mil.

Segundo o Departamento de Segurança Interna, essas ações resultaram em acusações criminais contra quase 200 empregadores e mais de US$ 50 milhões (R$ 86 milhões) em multas.

Críticas

O governo americano diz que metade dos deportados no último ano fiscal eram criminosos já condenados e que estavam nos Estados Unidos ilegalmente.

Afirma ainda que cerca de um terço dos criminosos deportados haviam cometido crimes graves, como assassinato ou estupro.

Apesar das justificativas, o rigor empregado contra os imigrantes ilegais é recebido com críticas por alguns setores, que insistem na necessidade de uma ampla reforma das leis de imigração no país.

"Os imigrantes não estão apenas decepcionados com o governo Obama. Estão com raiva", disse à BBC Brasil a ativista Sarahi Uribe, coordenadora nacional da campanha "Uncover the Truth" (Revele a Verdade, em tradução livre), que tem como foco a política de deportações do governo.

"Não conseguem acreditar que, sob o governo Obama, estejam sendo mais atacados do que já foram em décadas", afirma Uribe.

"É simplesmente incrível que o governo vá a público dizer que sua política de deportações é um sucesso", diz a ativista.

Desafio

A reforma das leis de imigração era uma das promessas de campanha de Obama, que foi eleito em 2008 com grande apoio dos imigrantes.

A promessa de aprovar as mudanças ainda no primeiro ano de mandato acabou adiada diante da crise econômica e da forte resistência da oposição republicana.

Obama enfrenta críticas dos dois lados: tanto dos que reclamam de rigidez excessiva e cobram uma solução mais rápida para legalizar a situação dos imigrantes que já estão no país, quanto daqueles que consideram as ações do governo brandas demais e querem maior rigor na fiscalização das fronteiras para impedir a entrada de ilegais.

Apesar de nos Estados Unidos as políticas de imigração serem responsabilidade do governo federal, muitos Estados analisam a adoção de medidas próprias para coibir a entrada de imigrantes ilegais.

O caso mais polêmico é o do Arizona, que em abril anunciou uma lei que torna crime estadual a presença de imigrantes ilegais.

A legislação provocou protestos, especialmente entre a comunidade hispânica, que considera a medida discriminatória.

A lei acabou entrando em vigor sem seus trechos mais polêmicos, que foram bloqueados pela Justiça à espera de uma decisão sobre sua constitucionalidade, mas vários outros Estados já consideram adotar medidas semelhantes.

Com quase 12 milhões de ilegais vivendo nos Estados Unidos, o tema da imigração é um dos principais desafios do presidente americano, que entra na segunda metade de seu mandato enfraquecido pela perda da maioria democrata na Câmara dos Representantes.

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