quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Irlanda reduz salário e adia aposentadoria

Eddie Keogh/Reuters

País anuncia corte do salário mínimo, criação de impostos e demissão de 25 mil servidores para atacar seu deficit

Pacote de arrocho é exigência da UE e do FMI para conceder à Irlanda empréstimo de até € 90 bilhões

Protesto na Universidade de Oxford contra o aumento no limite que instituições podem cobrar dos estudantes, de forma a reduzir o subsídio do governo

O governo da Irlanda anunciou ontem um pacote de austeridade para os próximos quatro anos. A ideia é convencer o mundo de que irá mesmo atacar seu deficit público e honrar as dívidas.
O pacote é também uma exigência do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da União Europeia para conceder um empréstimo de até € 90 bilhões (cerca de R$ 232 bilhões) para o país organizar seu caixa.
Para o irlandês, serão quatro anos difíceis. O governo vai cortar 24.750 pessoas do serviço público (7% do total), reduzir o salário mínimo e aumentar a idade mínima para a aposentadoria.
Além disso, vai aumentar o imposto sobre o consumo, criar um novo sobre os imóveis e cobrar Imposto de Renda de mais pessoas.
Hoje, está isento do IR aquele que ganha até € 18.300 por ano (R$ 42,5 mil). Com o pacote, passa a ser tributado quem recebe € 15.300 (R$ 35,5 mil). O total de isentos (45% dos trabalhadores) cairá para 35%.
Também haverá cortes de benefícios e de gastos com saúde e educação.
O governo admite que o poder de compra e o consumo dos irlandeses irão cair, mas aposta que as exportações vão aumentar e fazer o país crescer.
Foi mantida ainda a taxa cobrada de empresas que se instalam no país, que é de 12,5%, uma das menores da Europa.
Países como França e Alemanha pressionam a Irlanda para que eleve a taxa, qualificada como uma concorrência desleal.
Mas os irlandeses dizem que o tributo é essencial para atrair companhias como o Google, por exemplo, que criam emprego no país.
Se tudo der certo -o que poucos acreditam-, o deficit irlandês cairá de quase 12% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano para 2,8% em 2014.

INCERTEZAS

Mas há muitas incertezas. A primeira delas é que governo implementará o pacote. A crise política no país é tão grave quanto a econômica, e uma alimenta a outra.
A oposição e até membros do partido governista, o Fianna Fáil, querem que o primeiro-ministro, Brian Cowen, dissolva já o Parlamento e convoque eleições.
Cowen diz que só dissolve o Parlamento após a aprovação, em dezembro, do Orçamento de 2011, que já inclui grande parte dos cortes.
Diante da queda de braço, o mercado continua a duvidar da Irlanda.
Como aconteceu nos últimos dias, subiu ainda mais o juro exigido pelo mercado para os títulos do país. Passou de 9% ontem. Mais de duas vezes maior que o cobrado da Alemanha.
Ações de bancos continuam a cair, na casa de 20%, e se especula que sejam nacionalizados de vez.

PROTESTOS

Enquanto o primeiro-ministro apresentava o pacote, manifestantes foram para a porta do Parlamento pedir sua renúncia.
Desde o início da semana, tem crescido o número de protesto pelo país.
Carros de ministros e escritórios de parlamentares já foram atacados.
Os sindicatos agendaram para sábado uma grande manifestação em Dublin contra a política de cortes.

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