quinta-feira, 17 de junho de 2010

Fraude em concursos, PF prende quadrilha

O Globo

SÃO PAULO - Doze pessoas , entre elas o dono de uma universidade em são paulo, foram presas nesta quarta-feira pela Polícia Federal e acusadas de fraudar concursos públicos e exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Pelo menos 120 candidatos que compraram os gabaritos das provas foram identificados e responderão por estelionato e receptação. Os concursos fraudados não serão anulados, uma vez que a PF conseguiu identificar os beneficiários do esquema.

Os candidatos chegavam a pagar R$ 150 mil pelo gabarito da prova, dependendo do cargo que iriam disputar.

A Operação Tormenta da PF indentificou as fraudes nos concursos para agente da Polícia Federal em 2009, para auditor fiscal da Receita Federal em 2004 e para a segunda fase do exame para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) este ano. Além das 12 prisões temporárias foram cumpridos 34 mandados de busca e apreensão de documentos - 21 na Grande São Paulo, nove na Baixada Santista e três na cidade de Campinas, em São Paulo, além de um no Rio de Janeiro.

Dos 53 candidatos que compraram o gabarito da prova para agente da PF em 2009 e foram identificados, seis estavam fazendo a academia e foram afastados antes da formatura, prevista para esta sexta-feira. Outros 41 candidatos que tinham prestado concurso para a Receita Federal em 1994 e não tomaram posse tinham conseguido na Justiça indenização no valor de R$ 3 milhões e deveriam ocupar os cargos, o que agora, segundo a PF, não deverá acontecer.

Marcos Davi Salem, diretor de inteligência da PF, afirma que candidatos que entram em cargos públicos desta maneira, por meio de fraudes, ficam vulnerásveis à organizacao criminosa que garantiu a vaga a eles.

- Qualquer que seja o cargo, fica suscetível a este tipo de informação - disse o diretor.

As fraudes começaram a ser investigadas no ano passado, durante o concurso para agentes da PF. Segundo a PF, os agentes descobriram que a quadrilha atuava em todo o país e em outros concursos. Os bandidos atuavam de várias maneiras: conseguiam antecipadamente os cadernos de questões da provas, aliciando pessoas que tinham acesso a elas, e revendiam para distribuidores ou diretamente para os beneficiados. Além disso, contratavam "professores" que já sabiam as perguntas da prova da OAB para dar aulas em cursinhos preparatórios; usavam pontos eletrônicos para passar as respostas corretas aos candidatos e chegavam a contratar "laranjas", mais bem preparados, para fazer a prova no lugar dos candidatos beneficiados pelo esquema.

Aliciadores chegavam a telefonar a possíveis candidatos de concursos orientando-os a se inscrever no exame já com a promessa de que teriam acesso antecipado às provas. A quadrilha também falsificava documentos e diplomas exigidos pelos concursos quando o candidato não tinha a formação exigida no edital.

Segundo a PF, estão sendo investigadas suspeitas de fraudes em concursos para a Abin, a agência do Sistema Brasileiro de Inteligência, e para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Mesmo após a notícia do vazamento da prova da OAB pela imprensa, a quadrilha se articulou para fraudar, sem sucesso, concursos da Caixa Econômica Federal, da Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica, do INSS - Perito Médico, da AGU - Advogado da União, da Santa Casa de Santos - Residência Médica, de Defensor Público da União e da Faculdade de Medicina de Ouro Preto. Foram constatados indícios de fraudes em outros concursos, que serão investigados pela PF.

Segundo a PF, a quadrilha tinha um líder, o responsável por negociar as provas oferecendo propina e corrompendo as pessoas encarregadas de elaborar os cadernos de questões. Era este líder que revendia cópias dos cadernos a 'distribuidores' esquema, para revendê-los com lucros a interessados a se inscrever em concursos públicos. Os distribuidores, por sua vez, tinham contato com 'aliciadores', que telefonavam a possíveis candidatos oferecendo o esquema.

A quadrilha agia em parceria com falsificadores de diplomas e certificados, que ofereciam documentos falsos para que um candidato pudesse fazer a prova no lugar de outro.

Pessoas que atuavam como professores eram responsáveis pela correção das questões da prova que seriam entregues aos candidatos e, no caso da OAB, pelas aulas dadas em cursinhos para os candidatos, com base no teor das questões da prova desviada.

A PF informa ter desenvolvido metodologia para investigação e acompanhamento mais eficiente dos concursos públicos, garantindo a lisura e impedindo a fraude.

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