segunda-feira, 17 de maio de 2010

Estatal chinesa compra sete concessionárias de energia no Brasil por R$ 3 bilhões


PEQUIM - A estatal chinesa State Grid fechou contrato nesta segunda-feira, 17, com as espanholas Cobra, Elecnor e Isolux para a compra de sete concessionárias de energia no Brasil por R$ 3,097 bilhões (US$ 1,726 bilhão), maior valor já investido pela China no país até agora.

O negócio, que ainda precisa ser aprovado pelos órgãos reguladores, prevê a transferência de 100% do capital das seguintes empresas transmissoras de energia: Ribeirão Preto, Serra Paracatu, Poços de Caldas, Itumbiara e Serra da Mesa. Os chineses também compraram 75% da Expansión Transmissão de Energia Elétrica (que opera no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais) e da Expansión Transmissão Itumbiara Marimbondo.

O valor de R$ 3,097 bilhões inclui a transferência de dívida de R$ 1,305 bilhão. Antes do contrato fechado ontem, o maior investimento chinês no Brasil havia sido no setor de mineração, com a compra da Itaminas por US$ 1,2 bilhão, no mês de março.

O empresário Eike Batista tem acordo de US$ 4,7 bilhões com a estatal Wisco (Wuhan Iron and Steel Corporation) para construção de uma siderúrgica no porto de Açu (RJ), mas o negócio ainda não foi concretizado.

A State Grid cobre 88% do território chinês e é a maior empresa de transmissão e distribuição de energia da China e do mundo, com faturamento de US$ 164 bilhões em 2008. Com 1,5 milhão de empregados, a estatal é a 15º maior companhia do planeta de acordo com o ranking da revista Fortune.

O investimento no Brasil será realizado por sua subsidiária State Grid International Development, que foi criada em 2008 e tem sede em Hong Kong. A estatal chinesa foi assessorada pelo banco Standard Chartered e, as espanholas, pelo Santander.

A compra das sete concessionárias é o primeiro investimento de uma estatal chinesa no setor de energia elétrica no Brasil e marca a entrada da State Grid no país. O anúncio também reforça a percepção de que o ano de 2010 verá uma explosão dos investimentos diretos da China no Brasil.

Até agora, os grandes negócios estavam concentrados na área de petróleo, mineração e de siderurgia, setores estratégicos aos olhos de Pequim. Os chineses também começaram a procurar de maneira agressiva oportunidades no setor agrícola, com a compra de terra para produção de soja.

A entrada na concessão de energia mostra a diversificação dos investimentos e a procura de negócios fora de áreas obviamente ligadas a commodities.

Depois da crise financeira global, a China ficou em uma posição privilegiada para buscar ativos fora de suas fronteiras. Enquanto os países desenvolvidos enfrentam problemas de caixa, a China está sentada em US$ 2,47 trilhões de reservas internacionais, de longe as maiores do mundo.

Além disso, o país asiático tem um fundo soberano de investimentos que possui US$ 200 bilhões para aplicar no exterior e possui bancos capazes de financiar operações bilionárias em outros países.

As estatais chinesas receberam a orientação do governo de se internacionalizar, por meio da compra de ativos ou da construção de novos projetos a partir do zero, e estão cumprindo a ordem à risca.

No primeiro trimestre deste ano, os investimentos diretos da China em outros países somaram US$ 7,52 bilhões, uma alta de 103,3% em relação a igual período de 2009, de acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério do Comércio.

Segundo maior consumidor de petróleo do mundo, a China está interessada em disputar concessões para exploração de poços no Brasil.

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