sábado, 13 de março de 2010

O isolamento, a deposição e a volta do Getúlio


O Getúlio, aliado aos fascistas, em contraposição e para o aniquilamento do movimento comunista (levante de 35) e do anarco sindicalista que o enfrentaram outorga um Estado paternalista que em parte se antecipou as reivindicações do movimento operário.

Em conjunto com a forte repressão que o seu governo desencadeou - cuja estrutura repressiva de Estado era comandada pelos integralistas (Filinto Muller, Mourão, etc.) - ele subtraiu a fala dos trabalhadores organizados e está é redesenhada pelo seu projeto político-ideológico de poder e devolvida ao mundo do trabalho sob a forma paternalista de "conquistas do governo Getúlio Vargas". Ao mesmo tempo em que estas medidas anulam a esquerda elas também causaram profunda irritação nos ex-aliados da direita oligárquica (integralistas, etc.), que no pós-guerra aliados aos norte americanos o derrubam de seu primeiro governo.

A articulação pró-submissão aos EUA começou logo no pós guerra com a morte do Roosevelt e o fim do "New Deal" internacional (cooperação econômica, desenvolvimento, etc.). Neste momento os EUA altamente fortalecidos econômico e militarmente, com seu parque industrial intacto, parte para buscar a hegemonia global pela ocupação de novos mercados e o "aliado" Getúlio se torna um obstáculo.

Com a derrubada do Getúlio o general Dutra, ex-ministro do Exército, assume pela via eleitoral o poder e com o apoio do Getúlio, que acredito que tenha sido enganado pela frente política formada. Aos pouco o Brasil rompe com o seu processo nacional desenvolvimentista soberano.

O Dutra embora tenha investido em obras estruturais (Plano Salte) abre as portas para a entrada dos norte americanos (Bethlehem Steel, etc.). Na realidade ele ficou refém da oligárquica proto burguesia, agora com a "democracia" fortalecida, sendo que para a qual as políticas do Estado tornaram-se um obstáculo, e estes (UDN, etc.) se aliam aos EUA e submissos aos interesses internacionais passam a interferir mais de perto nas decisões governamentais.

O processo liberalizante da economia, por pressão da UDN, leva a redução da intervenção do Estado nas relações de produção, cujo objetivo era facilitar o acúmulo de capital à custa de baixos salários, o que estimulou a vinda e a expansão das empresas estrangeiras, abriram-se as portas da economia brasileira a inúmeras importações dos EUA de bens supérfluos. Esta última medida trouxe reflexos funestos para a economia nacional, de vez que se esgotaram as reservas cambiais adquiridas ao longo da II Guerra.

Para o povo começa outro período de perda de direitos com a flexibilização das relações trabalhistas como o aumento da repressão ao movimento social (limitou o direito de greve, interveio em sindicatos), que deságua no rompimento com a Rússia e o fim da tolerância a existência do PCB. O povo exige a volta do Getúlio e ele volta ao poder, inclusive com o apoio dos comunistas, pois o seu novo discurso era democrático popular e nacional desenvolvimentista. Este curto período de governo foi duramente atacado e novamente isolado pelos seus ex-aliados da direita oligárquica de outrora, o que acaba por o levar ao suicídio.

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