quinta-feira, 28 de julho de 2011

Homem é bom só depois dos 35

Ailin Aleixo


Não levo jeito pra cougar, as mulheres-predadoras-gostosonas que curtem mocinhos muuuuuito mais novinhos. Não tenho paciência pra homem inapto, sinônimo de homem novo. Nunca tive, na verdade, nem quando adolescente.

Acho um horror papo “pastel de vento” ou frases feitas – coisas típicas de machos bocós ou que pensam alto com o penencéfalo. É inevitável me sentir constrangida diante da falta de habilidade dos novinhos. O pior não são os tímidos confessos ou os atrapalhados evidentes, que não sabem onde colocar as sílabas e muito menos as mãos (esses merecem as benesses do olhar bondoso por terem verdadeiramente tentado o seu melhor); os que mais me incomodam são aqueles que pensam dominar arte e técnicas de deixar mulheres trôpegas de desejo, mas tudo o que conseguem são interlocutoras abismadas. Sofro de uma incorrigível patologia, a TPT (timidez por terceiros), que me impede de disfarçar minha vergonha alheia. Por isso sempre gostei de homens mais velhos.

Homens acima de quatro décadas aprenderam a duras penas, com a prática, decepções e erros, a seduzir uma mulher. Deveriam ter aprendido, pelo menos. Também sabem, ou deveriam saber, o quanto a sedução é essencial. Sem ela a vida fica direta demais, misteriosa de menos. Homens nunca deixam de sofrer de ereções involuntárias perante um quadril vasto e rebolante, mas os “coroas” sabem controlar a salivação para não causarem danos psicológicos irreversíveis às suas digníssimas.

Nunca liguei para bíceps torneados e fôlego de maratonista e não suporto vaidade excessiva: tenho tesão zero por um homem com nécessaire maior que a minha. Troco fácil uma abdômen tanquinho pela habilidade raramente adquirida aos 20, conquistada lá pelos 30 e aprimorada no rumo aos 40, intitulada ‘cumplicidade’. O acúmulo dos anos de vida em um homem pode aumentar a quantidade de células adiposas na barriga, mas também aumenta a quantidade de informações necessárias para lidar com as idiossincrasias da alma feminina. E essa habilidade resulta em algo quase mágico: a vontade de estar com uma mulher por ter afinidades reais com ela, sonhos e gostos em comum, e não por ela ser um prêmio adormecido ao seu lado na cama, uma bunda marmórea a qual ele pode se gabar de ter metido a mão.

Quarentões tiveram mais tempo de aprender a deixar de serem bobos — ou a disfarçar melhor.

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