A última pesquisa feita pelo Datafolha acusou uma queda de
8% na popularidade da presidenta Dilma, que caiu de 65% para 57%, o que ainda é
um ótimo nível de aprovação. Mais que
rapidamente os arautos do governo saíram a campo dizendo que “a oscilação foi
normal”, tal qual afirmou o ministro Mercadante. Agora resta esperar para ver
se a queda foi uma tendência a um maior isolamento do governo federal ou não.
Muitos números
preocupam, e entre eles podemos citar que o endividamento dos brasileiros com o
sistema financeiro nacional bateu novo recorde ao final do primeiro trimestre
de 2013. Segundo o Banco Central, as dívidas das famílias correspondiam, em
março, a 43,99% da renda anual. Em fevereiro, recorde anterior, o índice estava
em 43,79%. No fim do primeiro trimestre de 2012, era de 42,37%. E isto tende a
se agravar.
Quando estourou a forte onda da grave crise financeira
internacional, cujo principal exemplo se deu com a “bolha imobiliária” nos EUA,
por aqui o ex-presidente Lula, irresponsavelmente, discursou que a mesma no
Brasil seria apenas uma “marolinha”.
Com a crise nos
atingindo, o que não era nenhuma novidade que viesse a ocorrer, já que somos
uma economia dependente, onde o povo assalariado não tem poupança acumulada por
causa da baixa agregação de valores aos nossos produtos primários pelo baixo
nível de industrialização, e isto gera baixos salários, a medida eleitoreira e
artificial de tentar manter a produção em alta, com o fornecimento de crédito
para quem não tinha nenhuma condição de se endividar, fez aumentar a
inadimplência, e isto faz aumentar as taxas de juros e os cortes no consumo, e
consequentemente o aumento acumulativo de desemprego. A taxa de desemprego em
abril, de 5,8%, aumentou ligeiramente com relação aos 5,7% registrado em março,
e mais de um ponto percentual com relação aos 4,6% de dezembro de 2012, seu
menor nível histórico.
Graças ao fim da capacidade de endividamento a venda a prazo, normalmente de itens de maior
valor, ficou estagnada no primeiro trimestre, apesar do esforço do varejo para
desovar os estoques de eletrodomésticos, TVs e telefones celulares por ocasião
do Dia das Mães, a melhor data para o comércio depois do Natal. Uma parcela
crescente de inadimplentes acumulam dívidas não pagas superiores a R$ 500, o
que é dramático em um país onde a maior parte dos assalariados ganham em média
dois salários mínimos. Em abril, mais da metade dos consumidores inadimplentes
(50,49%) tinha dívida acima de R$ 500. Em janeiro e fevereiro, essa fatia
girava em torno de 30%, aponta um recorte do índice mensal de inadimplência
apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional
de Dirigentes Lojistas (CNDL), com base no cadastro nacional de inadimplentes.
Os consumidores em geral, mesmo os que ainda possuem
crédito, estão ficando cautelosos para não ampliarem ainda mais o
endividamento, que cresceu rapidamente nos últimos meses. Está postura
cautelosa com o tempo poderá fazer diminuir ainda mais o consumo, e isto, caso
ocorra, irá desacelerar ainda mais a produção industrial, fator que gerará mais
desemprego. Consumo menor, menor produção e maior desemprego.
Pesquisa sobre o perfil do inadimplente, terminada pela Boa
Vista Serviços no fim do ano passado, mostrou que 28% das pessoas declararam
ter alguma restrição causada por compra feita com cartão de crédito. Em
seguida, aparece carnê / boleto (26%), cheque sem fundos (18%), empréstimo
pessoal (16%), cartão de loja (8%) e cheque especial (4%). A Boa Vista, que
administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), realizou o
levantamento do quatro trimestre junto a 1.110 consumidores.
Para 21% dos entrevistados, uma das dívidas não pagas se
originou com a aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos. Já 16%
citaram a compra de produtos ou serviços relacionados à alimentação como os
causadores das dívidas. Também 16% mencionaram a compra de vestuário e
calçados. Para 10%, a origem foi do não pagamento de contas de concessionárias
de serviços públicos.
O desemprego, segundo os entrevistados, é a maior fator de
inadimplência, representando 36% dos casos no quarto trimestre. O descontrole
financeiro ficou em 26%. Em terceiro lugar aparece o empréstimo do nome a
terceiros (9%). O desemprego é a causa mais preponderante nas faixas de renda
familiar de até três salários mínimos (45%) e para as faixas entre três e dez
salários mínimos (32%). Para as faixas acima de dez salários mínimos, o
descontrole financeiro aparece como a principal causa (27%).
A maioria (32%) das dívidas não pagas está abaixo de R$ 500,
mas 17% possuem dívidas abertas acima de R$ 5 mil.
Um em cada cinco brasileiros inadimplentes têm alguma fatura
não paga no cartão de crédito, mostra um estudo encomendado pelo SPC Brasil
(Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional dos
Dirigentes Lojistas) sobre o perfil e o planejamento das finanças pessoais.
Segundo a pesquisa, 38% dos entrevistados com contas
atrasadas possuem alguma fatura não liquidada no cartão de crédito, sendo que
82% deles afirmam que essas contas estão atrasadas há mais de 90 dias, o que
cheira a grande grau insolvência individual para mais de 30% da população.
Entre os inadimplentes, 85% pagam somente uma parte da
fatura cobrada pelo cartão de crédito e admitem não ter conhecimento sobre a
taxa de juros cobrada por esse tipo de financiamento. Com o tempo e a economia
entrando em crise estas dívidas acabam ficando impagáveis. Como os bancos não
fazem caridade muitos bens serão retomados, e os juros tenderão a subir, pois
outros acabarão por pagarem indiretamente estas contas.
Segundo a fonte a pesquisa sobre o perfil dos inadimplentes
foi realizada em todas as capitais brasileiras com 1.277 entrevistados, e tem
margem de erro de até 4% e intervalo de confiança de 95%.
Querer deixar de lado o importante fator que é a crise
econômica e suas sequelas na análise da queda crescente de popularidade é um
erro, ou é um engodo.
Além dos fatores econômicos, que são os mais sensíveis ao
afetarem o bolso dos cidadãos comuns, também existe a crise política, e está
nasce na ruptura do governo do PT com o discurso histórico do partido, onde não
havia espaço para a defesa de teorias monetaristas neoliberais, tal qual a
manutenção do modelo econômico e social, herdados dos governos passados e
ampliados com a nova onda de privatizações (portos, aeroportos, áreas de exploração
de petróleo, etc.), como pelas reformas agrária, agrícola, urbana, etc., como
também a demarcação das terras indígenas, não saírem do papel.
Outro fato que também está incomodando grande parcela da
população mais esclarecida são os altos gastos com as obras da Copa, em um país
onde as estruturas de Saúde e Educação vivem um colapso.
No meio deste tiroteio não só midiático, mas real, o
ministro Mercadante afirmou que o Brasil terá “um excelente segundo semestre”,
graças ao pacote de investimentos do governo federal com o leilão de extração
da camada pré-sal do Campo de Libra, a abertura de portos no Nordeste (após
aprovação da Medida Provisória dos Portos) e também as novas concessões para
exploração da iniciativa privada de estradas, ferrovias e aeroportos. Segundo
ele, apenas no Campo de Libra, serão nove plataformas, cada uma injetando R$
1,3 bilhão na economia.
Para eles do governo, que já vivem em clima da agenda
pré-eleitoral, pelo jeito “a única saída” para artificialmente equilibrar a
economia, e assim vender uma falsa imagem de estabilidade econômica, é acabar
de entregar o patrimônio público a sanha do grande capital, nacional e internacional.
E quando não tiver mais nada para privatizar, o que farão?
Outro fator que afeta profundamente o futuro da nossa
economia é o fato de estarmos totalmente dependentes da exportação de
commodities, principalmente para a China, EUA e Europa. A Europa e os EUA
estão mergulhados em uma forte crise, e
a China começa a apresentar indícios de desaceleração econômica. Os fatores que
sustentavam o crescimento rápido da China já não são mais sustentáveis.
Os analistas internacionais analisando a desaceleração da
economia chinesa se preocupam com mais
longa sequência de trimestres, nos últimos 20 anos, em que a China cresce
abaixo de 8%. Esse desempenho envia uma mensagem a fornecedores e investidores
de todo mundo, que devem se adequar a uma realidade de crescimento menor do
gigante asiático.
Especialistas afirmam que os dados da atividade econômica da
China confirmam que o país deve registrar uma expansão menor este ano. O Royal
Bank of Scotland e o JP Morgan revisaram para baixo as previsões para o crescimento
do PIB chinês neste ano. A nova projeção de ambos é de expansão de 7,8%, ante
estimativas anteriores de 8,4% e 8,2%, respectivamente, tendência que pode
perdurar por muito tempo, causada pela forte crise internacional, que leva a
diminuição das importações de produtos chineses por outros países, como a
diminuição de importação pela China de commodities dos países dependentes, e de
máquinas industriais da Europa e dos EUA.
No mercado interno a China está tomando medidas para reduzir
a abundância de crédito e evitar uma onda de inadimplência e concordatas, e
isto ameaça ainda mais a desaceleração no crescimento da segunda maior economia
do mundo.
O total de financiamento social, medida mais abrangente do
crédito na China, caiu cerca de 33%, para 1,19 trilhão de yuans (US$ 194
bilhões) em maio em relação à abril, no segundo mês de declínio substancial,
informou ontem o Banco Popular da China, o banco central chinês.
Novos empréstimos bancários, um subgrupo do financiamento
social, também caíram muito nos dois últimos meses. E na sexta-feira, o BC
alertou que empréstimos não convencionais estavam criando riscos cada vez
maiores para o sistema financeiro.
Mas colocar um freio nos riscos de crédito cria, por sua
vez, o risco de reduzir ainda mais o ritmo do crescimento da China ao
dificultar o financiamento de empresas, de projetos governamentais de
infraestrutura e do desenvolvimento imobiliário. Uma leva de dados no mês de
maio já indicava que o trimestre corrente talvez venha a ser o segundo seguido
de crescimento decepcionante, e muitos economistas vêm diminuindo suas
projeções de expansão para o ano todo. Se a crise atingir fortemente a economia chinesa como ficará a nossa, que é totalmente dependente da exportação de produtos primários para aquele gigante?
Segundo o FMI os países exportadores de matérias-primas, como é o caso do Brasil, devem se preparar para um período de vacas magras no mercado de commodities.
O alerta do Fundo Monetário Internacional (FMI) reacendeu o debate sobre os impactos da desaceleração econômica mundial neste mercado.
Em um capítulo especial sobre commodities no relatório Panorama da Economia Mundial, o FMI indica que a "era de ouro" das matérias-primas chegou ao fim.
"Nos próximos anos, os preços das commodities não devem crescer no forte ritmo da década passada", diz o relatório. Para 2013 o fundo prevê queda de 10,3% e 2,1%, respectivamente, o cálculo é para um grupo de commodities, excluindo combustíveis.
Em linhas gerais, três fatores justificam essa avaliação. O primeiro é a incerteza que ronda o crescimento mundial no curto prazo. Como a produção industrial afeta a demanda por commodities, o nível de atividade tem impacto direto nos preços.
O risco, porém, é diferente para cada tipo de commoditie. Os preços dos metais e de energia, destaca a instituição, são mais sensíveis à desaceleração econômica.
O segundo fator é a desaceleração econômica acima do esperado nos países emergentes, especialmente a China, onde o alto nível dos estoques também preocupa. A China possui grandes reservas de matérias primas estocadas, e pode, com o acirramento da crise internacional levando os países industrializados a menores procuras por insumos, impor os seus preços para a compra no mercado internacional. É a velha lei da oferta e da procura impondo os valores.
Por fim, o crescimento da oferta de algumas matérias-primas, incentivada pela alta dos preços nos últimos anos, compõe a terceira influência de baixa para os preços. Com a provável futura queda do preços dos produtos primários o que acontecerá com a nossa balança de pagamentos?
(Fonte dos dados: Institutos e Agências)