Olho para o cenĂ¡rio eleitoral que se aproxima e dou risadas, embora estas tenha um bocado de origem nervosa. Nada Ă© cĂ´mico no meio das mazelas sociais expostas pela guerra pelo poder nos municĂpios. Estes, como base da gestĂ£o pĂºblica, interferem diretamente nas disputas pelos governos estaduais e pela presidĂªncia da RepĂºblica, que irĂ£o ocorrer em 2014.
Na maior parte dos municĂpios espalhados pelo paĂs do ponto de vista da construĂ§Ă£o das alianças nĂ£o dĂ¡ para cobrar coerĂªncia ideolĂ³gica das partes que compõem as frentes, nelas a de tudo um pouco, mais variadas na composiĂ§Ă£o do que barracas nas feiras.
A discussĂ£o Ă© mais pragmĂ¡tica do que programĂ¡tica e a concepĂ§Ă£o da distribuiĂ§Ă£o de espaços depois das vitĂ³rias nos remetem a idade mĂ©dia com seus feudos, verdadeiras cidades estados impedindo que o planejamento estratĂ©gico flua, tanto nos municĂpios como no poder central do paĂs, assim fazendo com que as gestões pĂºblicas nĂ£o sejam integradas internamente e externamente. "Este espaço Ă© do meu grupo" Ă© o discurso que preponderĂ¡. Se bobear cada pequena diretoria vira um feudo sob o controle do "coronĂ© de plantĂ£o". Tudo isto por causa da "governabilidade".
Os grupos divergentes se unem na disputa pelo poder e tudo fica muito igual, e os bordões do "sempre foi assim" e o "estĂ¡ Ă© a nossa tradiĂ§Ă£o parlamentar" dĂ£o o tom para a guerra intestina que irĂ¡ travar posteriormente com o bom andamento da mĂ¡quina pĂºblica. Os mandatĂ¡rios com culpa no cartĂ³rio gastam mais tempo se defendendo do uso de "fogo amigo" por parte de seus "aliados", como tambĂ©m revidando contra estes, do que gerenciando bem o que deveria pĂºblico, Assim os escĂ¢ndalos literalmente pipocam por todo os lados, mas com a diferença de que o fĂ©tido cheiro nĂ£o Ă© de pipoca e os sons justapostos das denĂºncias sĂ£o desalentadores. Um destes escĂ¢ndalos, fruto de "fogo amigo", foi o do mensalĂ£o, onde o Jefferson (PTB), nĂ£o aguentando o tranco abriu o bico, envolvendo a tudo e a todos no escĂ¢ndalo do Correio, o qual dĂ¡ origem ao escĂ¢ndalo do mensalĂ£o. "Tirei a roupa do rei. Mostrei ao Brasil quem sĂ£o esses fariseus", disse Jefferson no final de seu discurso quando foi cassado o seu mandato, em 14 de setembro de 2005.
Em BrasĂlia, onde em tempos de Cachoeira o circo Ă© de horrores, se julga o mensalĂ£o. O roto ao falar do rasgado o demoniza, no inimigo nĂ£o existe nenhuma virtude!
Ao mesmo tempo em que os duros ataques ocorrem os grupos em confronto tentam blindar os seus pares, tarefa nem sempre possĂvel, e assim as fĂ©tidas entranhas ficam a mostra. O Cabral, que deveria tambĂ©m ser citado e convocado ficou de fora, mesmo sendo o estado do Rio o que mais contratos estabeleceu com a Delta, o que jĂ¡ movimentou mais de um bilhĂ£o e trezentos milhões pagos a estĂ¡ empreiteira, com nĂ£o dĂ¡ para esquecer as vergonhosas imagens do Cabral em Paris, onde ele apareceu em eventos festivos confraternizando com o ex-dono da Delta. O Vaccarezza estava certo do que iria acontecer ao dizer pelo SMS ao Cabral: "mas nĂ£o se preocupe, vocĂª Ă© nosso e nĂ³s somos teu". O Cabral deve ser convocado tal qual os outros governadores que se envolveram com o esquema Cachoeira, ou a CPMI ficarĂ¡ desmoralizada! Ele tem 1,3 bilhões de explicações para dar!
A muito aqui no Brasil os polĂticos utilizam a tĂ¡tica de criar um novo escĂ¢ndalo, ou requentar um velho, para abafar outro, e Ă© o que aconteceu com o uso do escĂ¢ndalo Cachoeira para abafar o julgamento do tambĂ©m escandaloso mensalĂ£o. O Lula, o que um dia disse "que o mensalĂ£o era uma mentira e tentativa de golpe contra o seu governo", mas que com andar das denĂºncias disse "eu nĂ£o sabia de nada", como depois finalizou pedindo desculpas ao povo brasileiro, foi o que mais estimulou para que a CPMI Cachoeira fosse colocada em discussĂ£o.
Agora veio a tona a histĂ³ria, ou as estĂ³rias, do encontro do Gilmar Mendes com o Lula, jĂ¡ que Ă© difĂcil confiar cegamente em qualquer um dos dois. Neste "novo episĂ³dio da novela mensalĂ£o", o Lula pediu ao Jobim, e este confirmou o fato, um estranho encontro com o ministro Gilmar Mendes no escritĂ³rio do ex-ministro da Justiça Nelson Jobim, o que nela foi tratado jĂ¡ tem vĂ¡rias versões, tanto da parte do Lula, como do Gilmar e do Jobim.
Sobre como ocorreu a reuniĂ£o o Jobim caiu em contradiĂ§Ă£o, primeiro disse "Por coincidĂªncia, o Gilmar estava no meu escritĂ³rio, quando o presidente Lula apareceu para a visita", mas depois disse que a visita do Lula estava marcada hĂ¡ trĂªs dias: "TrĂªs dias antes, a assessora Clara Ant me ligou dizendo que o presidente Lula iria a BrasĂlia conversar com a presidente Dilma numa quarta-feira e que retornaria no dia seguinte, mas antes queria falar comigo", quando Ă© que foi que ele mentiu? O que o Lula queria tanto falar com o ministro Gilmar? EstĂ¡ claro que o Jobim, que nĂ£o Ă© de brincadeira marcou a agenda com os dois em um mesmo dia, e para que fizesse isto tinha de ter um sĂ©rio motivo!
Se a intenĂ§Ă£o do Lula era a de com a CPMI Cachoeira abafar o julgamento do mensalĂ£o, que Ă© o que mais tem feito desde que o escĂ¢ndalo estourou em 2005, deu com os burros na Ă¡gua. O que o inteligente, ousado e arrogante Lula nĂ£o tem levado muito em conta, o que deveria fazer, Ă© que agora como ex nĂ£o estĂ¡ mais blindado como estava antes, quando "a orquestra mĂdia sĂ³ tocava o que o maestro Franklin Martins pedia", os tempos mudaram e ele ainda nĂ£o se acostumou em nĂ£o ser mais o "onisciente, onipotente e onipresente" mandatĂ¡rio chefe do paĂs.
Nesta manobra arriscada em fazer de tudo para que o escĂ¢ndalo Cachoeira viesse a tona para abafar o mensalĂ£o ele atirou nas prĂ³prias pernas, a maioria dos contratos estabelecidos pela Delta sĂ£o com o prĂ³prio governo federal, ou com os partidos aliados, o agravante Ă© que com ela o escĂ¢ndalo do mensalĂ£o nĂ£o foi abafado, mas sim ampliado!
Exposto na "bacia das almas" a quem que o Lula teve de recorrer para rapidamente romper com a pĂ©ssima imagem que ajudou a criar com estĂ¡ confusĂ£o? Dizendo "VocĂªs sabem que tem muita gente que gosta de mim, mas tem algumas pessoas que nĂ£o gostam e eu tenho de tomar cuidado com essas", buscar socorro amparando-se no ombro do amigo Ratinho. Hoje as 21h30, de forma especial, o apresentador abrirĂ¡ espaço para o ex-presidente vender sua versĂ£o sobre os fatos ao pĂºblico mais humilde, que Ă© quem dĂ¡ Ă³timos Ăndices nas pesquisas ao programa comandado pelo Ratinho. Este fato cria outra contradiĂ§Ă£o, ao filho do apresentador, que Ă© fiel deputado da base aliada do governo federal, ter aqui sido preterido pelo partido do Lula, que em vez de apoiar um aliado preferiu investir na candidatura do ex-inimigo Gustavo Fruet, um dos parlamentares entre os que mais expuseram as mazelas do governo petista. Enquanto o Ratinho oferece o ombro amigo o Fruet se esconde na sombra do ministro Paulo Bernardo, que a revelia dos dirigentes de seu novo partido, o PDT, organiza a sua campanha. Para os comandantes do PT paranaense o que importa Ă© 2014. SerĂ¡ que para estes o Lula Ă© coisa do passado?
ApĂ³s a sua visita ao Lula o Gustavo Fruet, quando foi com o Paulo Bernardo e o AndrĂ© Vargas pedir que o Lula subisse em seu futuro palanque, disse: "NĂ£o mudei minha opiniĂ£o. Combati a corrupĂ§Ă£o em BrasĂlia nos meus anos de deputado federal, .... Fiz meu trabalho, nĂ£o tenho porque mudar de posiĂ§Ă£o". O Lula levantou duas questões centrais: "pacificar o PT local rachado pela disputa interna que resultou na coligaĂ§Ă£o e criar uma estratĂ©gia para explicar ao eleitor curitibano a aliança do PT com o ex-tucano." A primeira questĂ£o Ă© atĂ© possĂvel de ser resolvida, jĂ¡ que os acertos os acerto internos no PT facilita ficar o dito pelo nĂ£o dito, mas a segunda nem tanto. Como esconder a atuaĂ§Ă£o do Gustavo na CPI dos Correios e durante a crise do mensalĂ£o em uma Ă©poca onde o mensalĂ£o serĂ¡ julgado quando a eleiĂ§Ă£o para prefeitos, onde o Fruet e o Lula terĂ£o de ser protagonistas? O povo, indignado, acompanha o desenrolar destes tristes acontecimentos!