Foi-se o tempo em que os protestos massivos e barulhentos do povo se chamavam apenas apitaço, panelaço, buzinaço ou que tais. Hoje, poucas coisas podem ser mais barulhentas do que um tuitaço. Sim, tuitaço, que é como ficou conhecida uma mobilização de internautas em torno de uma hashtag (o símbolo # seguido por um nome, assunto, slogan, palavra de ordem, etc) no popular site de microblogging Twitter. Nesta quarta-feira, 27, por exemplo, está havendo no Twitter um megatuitaço com a hashtag #foraricardoteixeira, em protesto contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014. O tuitaço contra Ricardo Teixeira – que no fim da manhã desta quarta já contava com mais de 70 mil participações – é mais uma das iniciativas que vêm se delineando nas últimas semanas contra o manda-chuva do futebol profissional no Brasil. Teixeira está na berlinda (outra vez) desde maio deste ano, quando a BBC exibiu um documentário no Reino Unido mostrando como a Fifa tentava ocultar provas de que ele esteve envolvido em casos de venda de votos para decidir sedes de Copas e favorecer empresas em contratos de marketing esportivo. Desde então, Ricardo Teixeira já teve seu nome envolvido em outros escândalos, como o negócio suspeito com a TAM, que vendeu um avião ao cartola a um preço, digamos, camarada, pouco antes de ser anunciada como patrocinadora oficial da Copa de 2014. Silêncio do poder público A última notícia “polêmica” envolvendo Ricardo Teixeira, que conta com o silêncio do noticiário da amiga Rede Globo sobre os escândalos que o cercam, foi a escolha pelo comitê local de organização da Copa de 2014 da Geo Eventos, empresa de eventos das Organizações Globo e do Grupo RBS, para organizar a cerimônia de sorteio preliminar das eliminatórias para o mundial, evento que será bancado com dinheiro público, nada menos do que R$ 30 milhões pagos pelo governo do estado do Rio e pela prefeitura carioca. Diante do silêncio do poder público, nomeadamente do ministério dos Esportes, depois de tão graves denúncias contra o homem que chefia a organização no Brasil de um evento do porte de uma Copa do Mundo, as ruas – e as arquibancadas – começam a se manifestar. Na última sexta-feira, 22, foi anunciada a união de 35 torcidas organizadas de todo o país em um movimento para defender que a Copa do Mundo no Brasil seja realizada “com prestação de contas e sem Ricardo Teixeira”. No rodada do Campeonato Brasileiro que acontece no final de semana dos dias 13 e 14 de agosto estão programados protestos contra Teixeira nos estádios, durante os jogos, com faixas e panfletagem sobre os desmandos no futebol brasileiro, e com promessa de saia-justa nas transmissões ao vivo das partidas pela Globo. ‘Caguei’ Para a próximo sábado, 30, dia da realização do famigerado sorteio das eliminatórias, está marcada uma grande manifestação contra Ricardo Teixeira no Largo do Machado, no Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro. Será a “Marcha por uma Copa do Povo: Fora Ricardo Teixeira”, organizada pela Frente Nacional dos Torcedores e que terá participação do Comitê Popular Copa do Mundo Olimpíada Rio. A revolta contra Ricardo Teixeira aumentou com a repercussão da recente entrevista com o cartola publicada na revista Piauí. Entre as muitas declarações polêmicas que deu – como a ameaça de negar credenciais na Copa de 2014 para jornalistas que o criticarem – Teixeira disse o seguinte sobre a enxurrada de denúncias contra si: “Caguei”. Já há quem fale, com uma boa dose de exagero, em “primavera brasileira” para se referir ao movimento incipiente nas ruas e nas arquibancadas não apenas contra Ricardo Teixeira, mas contra o autoritarismo, o elitismo e a corrupção que vêm tomando conta de uma festa que afinal de contas é popular, ou deveria ser. Nélson Rodrigues, que era míope, dizia: “no futebol, o pior cego é aquele que só vê a bola”. (ON)
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Arquibancadas enfrentam Ricardo Teixeira
quinta-feira, julho 28, 2011
Molina com muita prosa & muitos versos
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