O pesquisador Aziz Nacib Ab'Saber, um dos maiores especialistas brasileiros em geografia física e referência em assuntos relacionados ao meio ambiente e impactos ambientais decorrentes das atividades humanas, morreu nesta sexta, aos 87 anos, de enfarte.
O velório será realizado a partir das 19 horas no Salão Nobre da FFLCH, que fica na Rua do Lago, 717, Cidade Universitária, São Paulo, no Prédio da Diretoria e Administração. O sepultamento será neste sábado, às 11h, no Cemitério da Paz (Rua Doutor Luís Migriano, 644, Morumbi, São Paulo.
Professor emérito da FFLCH-USP, ele é autor de mais de 300 trabalhos acadêmicos e considerado referência da geografia em todo o mundo. É autor de estudos e teorias fundamentais para o conhecimento dos aspectos naturais do Brasil. Era presidente de honra e ex-presidente e conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Ruth Andrade, secretária-geral da entidade, contou ao Estado que foi uma morte tranquila. "Ele acordou, fez café da manhã para toda a família, sentou-se em uma cadeira, falou "Ai" e morreu." Segundo ela, nos últimos meses o pesquisador estava visitando toda a semana a SBPC por conta da realização do terceiro volume da coleção "Leituras Indispensáveis", ainda a ser publicado.
Texto publicado no site da entidade conta que um dia antes de morrer, "o professor, disposto como sempre, fez sua última visita à SBPC, em São Paulo. Em um gesto de despedida, mesmo involuntariamente, ele entregou na tarde de ontem à secretaria da SBPC sua obra consolidada, de 1946 a 2010, em um DVD, para ser entregue a amigos, colegas da Universidade e ao maior número de pessoas." Ruth lembra que ele ainda pediu para que o material seja distribuído a estudantes nos eventos da SBPC. "Será agora a nossa missão", diz.
"Acredito que Aziz era um caso raro de casamento entre ser cientista e ser humanista. Ao mesmo tempo em que ele tinha um conhecimento incrível, não só de geografia, mas de várias áreas, ele tinha a perspicácia de fazer a relação desses assuntos com o cotidiano das pessoas", lembra.
Apesar da idade, Aziz continuava bastante ativo e polêmico. Em várias oportunidades se mostrou contrário ao alarmismo em torno do aquecimento global, reforçando seu aspecto natural. Recentemente também se manifestou sobre a mudança do Código Florestal no Brasil, criticando a ausência, no texto, de todo o zoneamento físico e ecológico do País, "como a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos, o cerrado brasileiro, os planaltos de araucárias, as pradarias mistas do Rio Grande do Sul, conhecidas como os pampas gaúchos, e o Pantanal mato-grossense. Na ocasião, ele chegou a defender a criação do Código da Biodiversidade para contemplar a preservação das espécies animais e vegetais", lembra o texto da SBPC. (AE)
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