A crise nuclear japonesa se intensificou ontem depois que as autoridades anunciaram a ruptura de outro reator da usina nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, que aparentemente estava liberando vapor radioativo. Um dia depois de representantes do governo terem dito que o vaso de contenção do reator 2 também tinha sido afetado, os danos no reator 3 pioraram as já perigosas condições na usina.
Em Washington, o chefe da agência reguladora de energia nuclear dos EUA, Gregory Jaczko, afirmou acreditar que os níveis de radiação na região de Fukushima são "extremamente altos", sugerindo que o governo japonês tem subestimado a gravidade da situação.
Soldados japoneses começaram hoje (horário local) a despejar água a partir de helicópteros - tática normalmente empregada no combate a incêndios florestais - para tentar resfriar o núcleo do reator 4. A operação tinha sido adiada, pois ela exige que o helicóptero sobrevoe diretamente o vapor que emana da usina e aparentemente os níveis de radiação estavam elevados. As autoridades planejam ainda utilizar canhões d"água, dos tipos usados para conter distúrbios populares, para lançar água.
Num dos vários pronunciamentos rápidos e às vezes confusos sobre a crise, as autoridades insistiram que os danos ao reservatório de contenção do reator 3 - principal motivo de preocupação no início da quarta feira - são pouco graves.
Enquanto colunas de vapor eram vistas emanando do reator nas imagens da cobertura ao vivo da TV, flocos de neve caíam na região de Fukushima, aumentando o drama dos trabalhadores que tentam evitar um desastre atômico. Segundo os especialistas, a neve pode levar a radioatividade da atmosfera para o solo, contaminando-o por décadas.
A Tokyo Electric Power Company, operadora do reator, disse que tinha sido capaz de dobrar o número de funcionários que lutam contra a crise - passaram de 50 a 100 -, mas isso foi antes de as nuvens de vapor radioativo começarem a emanar com mais intensidade da usina. Na terça feira, 750 trabalhadores foram retirados do local, deixando uma equipe mínima de funcionários tentando reduzir a temperatura do núcleo atômico. Uma proporção cada vez maior de trabalhadores é composta por soldados, mas não se sabe o número exato deles.
Forças militares americanas no Japão receberam ordens de não chegar a menos de 80 km da usina, e algumas equipes da Força Aérea que poderiam participar de operações de resgate estavam recebendo pílulas de iodeto de potássio para se proteger dos efeitos da radiação.
As operações de resfriamento não foram interrompidas, disse Kazuo Yamanaka, funcionário da Tokyo Electric. O reservatório que pode ter se rompido ontem era visto como a última linha de defesa ainda intacta contra a liberação de material radioativo em larga escala, mas não estava clara a gravidade dos possíveis danos.
Cinco dias após o devastador terremoto seguido de tsunami que arrasou a usina, a possível ruptura se seguiu a uma série de explosões e outros problemas que resultaram na pior crise nuclear mundial desde o acidente de Chernobyl, em 1986.
O japonês Yukiya Amano, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, com sede em Viena, disse que iria ao Japão tão logo fosse possível para acompanhar a situação.
A avaliação do governo da gravidade dos danos no reator 3 pode ter sido uma forma de reduzir as preocupações relativas ao reservatório - que envolve o núcleo -, mas as implicações de um superaquecimento na piscina que contém as barras de combustível no reator 4 mostraram-se potencialmente trágicas.
Há seis reatores na usina, e todos eles têm piscinas onde são armazenadas as barras gastas de combustível no nível superior do edifício que contém o reator. Os reatores 4, 5 e 6 não estavam em funcionamento quando o terremoto seguido de tsunami atingiu o país, e havia preocupação quanto às piscinas dos reatores 5 e 6, que talvez se estenda também aos demais reatores.
Em audiência realizada em Washington na quarta-feira por dois subcomitês da Comissão de Energia e Comércio do Congresso, o secretário de Energia, Steven Chu, disse: "Achamos que pode ter havido um derretimento parcial" na usina. "Recebemos relatos conflitantes sobre o que está realmente acontecendo nos muitos reatores atualmente em situação de risco. Não pretendo especular a respeito do que está ocorrendo."
Ele disse que sua agência tinha enviado 39 pessoas à embaixada dos EUA e aos consulados americanos no Japão, "funcionários dotados de habilidade, experiência e equipamentos necessários para ajudar a avaliar, pesquisar e monitorar a radiação em diferentes regiões".
O departamento também enviou equipamento de detecção capaz de medir os níveis de radiação a partir do ar, disse ele. Na manhã de ontem, horas depois de representantes do governo terem dito que as chamas que começaram na terça-feira tinham sido controladas, a Tokyo Electric admitiu que havia um incêndio no edifício do reator. (REUTERS)
quinta-feira, 17 de março de 2011
Funcionário dos EUA sugere que Japão omite real gravidade de crise
quinta-feira, março 17, 2011
Molina com muita prosa & muitos versos
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