A saúde debilitada do físico britânico Stephen Hawking o impediu de comparecer à festa organizada no domingo (8) em sua homenagem pelo aniversário de 70 anos. "Infelizmente a recuperação não é rápida o suficiente para que ele possa estar aqui", disse o vice-chanceler da Universidade de Cambridge, Leszek Borysiewicz em entrevista à imprensa. Hawking sofre da doença de Lou Gehrig, ou esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa que o deixa sem quase movimentos e saiu de uma recente internação hospitalar. O físico enviou uma mensagem gravada aos participantes do evento, em que defende as viagens interplanetárias diante do futuro incerto na Terra. Hawking não acredita que possamos sobreviver outros milhares de anos sem começar a colonização para além da Terra. Borysiewicz homenageou dizendo que o cientista "transformou nosso entendimento sobre o espaço e o tempo, os buracos negros e as origens do Universo". O evento foi transmitido pela internet. "Se você está nos ouvindo, Stephen, feliz aniversário de todos nós aqui", disse o vice-chanceler antes de uma salva de palmas de cientistas, estudantes e jornalistas reunidos no Hall Lady Mitchell. IMAGEM DO GÊNIO Especializado em física teórica e cosmologia, Hawking dedicou sua carreira a desvendar alguns dos mais misteriosos segredos do Universo. O fascínio induzido por sua área de estudo, somado ao talento para escrever livros de popularização da ciência, tornou sua figura irresistível para a mídia. Não tardou para que ele fosse catapultado ao status de "gênio preso a uma cadeira de rodas". Seu maior feito como pesquisador, publicado em 1974, foi combinar os dois alicerces da física -a relatividade geral e a mecânica quântica- para descobrir que buracos negros somem com o tempo. Esses estranhos objetos nascem quando uma estrela com muita massa esgota seu combustível e implode em razão de seu próprio peso. Contraído até seu limite extremo, o astro gera um campo gravitacional do qual nada pode escapar -nem a luz. Quando esses objetos foram teorizados, imaginava-se que seu destino fosse crescer sempre, conforme outros objetos caíssem neles e aumentassem sua massa. Contudo, ao combinar efeitos da física de partículas, Hawking concluiu que, bem na fronteira matemática que divide o mundo exterior do ponto sem volta, há a emissão de uma suave radiação, alimentada pelo conteúdo do próprio buraco. A batizada radiação Hawking era um "vazamento" de energia do buraco negro, que seria dissipada até a evaporação do objeto. "Hawking só não ganhou um Nobel porque ninguém conseguiu confirmar por observações a existência dessa radiação", diz George Matsas, físico relativista da Unesp. Apesar do sucesso, muitos físicos acreditam que a reputação de Hawking foi turbinada muito mais pela fama do que por suas realizações no campo da ciência. "Ele é um físico excelente numa situação incomum", diz Nathan Berkovits, pesquisador americano que trabalha na Unesp. "Mas eu não o colocaria numa lista dos dez melhores físicos vivos." O excesso de confiança em Hawking chegou a contagiar até ele próprio, levando a um dos maiores "micos" recentes da física. Em 2004, ele anunciou ter solucionado um dos maiores problemas teóricos ligados aos buracos negros, conhecido como "paradoxo da informação". Entretanto, o físico foi incapaz de demonstrar sua afirmação e hoje vê o episódio como um embaraço. A despeito das dificuldades crescentes impostas pela esclerose lateral amiotrófica -que vai tirando os movimentos do corpo e leva à morte impedindo a flexão torácica que permite a respiração-, Hawking casou-se e separou-se duas vezes. Tudo após o diagnóstico. Teve três filhos em seu primeiro casamento e, quando ficou impedido de falar em razão de uma traqueostomia de emergência, passou a se comunicar por meio de um sintetizador de voz. Hoje, para falar, ele move a bochecha a fim de escolher palavras numa tela. O computador detecta o movimento e forma frases. Ouvir uma resposta dele, das curtas, a uma pergunta pode levar vários minutos. Mas ele ainda está lá, e a mente continua aguda como de costume.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Com saúde frágil, Stephen Hawking falta à homenagem de 70 anos
terça-feira, janeiro 10, 2012
Molina com muita prosa & muitos versos
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