OITENTA E NOVE ANOS DA FUNDAÇÃO DO PCB

O marco de fundação do movimento operário organizado no Brasil foi a fundação do PCB.

A primeira direção do PCB, eleita no Congresso de fundação, em 25 de março de 1922, era formada por cinco titulares (o secretário geral Abílio de Nequete, mais Astrojildo Pereira, Antônio Canellas, Luiz Peres, Cruz Júnior) e cinco suplentes (Cristiano Cordeiro, Rodolfo Coutinho, Joaquim Barbosa, Manoel Cendón e Antonio de Carvalho). Aquele punhado de dirigentes representava o núcleo originário do movimento comunista no Brasil, formado por 73 revolucionários espalhados pelo país, sendo grande parte deles oriundos do Movimento Anarquista e até alguns da Maçonaria, que em seu seio aceitou muitos anarco-sindicalistas.

Momento histórico

Movimentos variados e complexos se entrecruzaram em 1922: Semana de Arte Moderna, fundação do Partido Comunista Brasileiro, criação do Centro Don Vidal, de orientação reacionária, e a sublevação do forte Copacabana. Contestaçãos estéticas e políticas emergiam no meio do clima de euforia que contaminava o pais que se preparava para comemorar o centenário da Independência. Exaltava- se o "país do futuro", mas sem claro qual futuro seria este!!!

Neste momento histórico d início do século rejeitava-se o passado e o falso paternalismo da primeira República, que foi proclamada por ex-aristocratas escravagistas, totalmente contaminados pelo nobre ranço do Império. No forte debate que envolvia a sociedade brasileira alguns intelectuais idealistas encontraram no comunismo a idéia-matriz para elaborarem suas propostas de renovação.

Em meio aos protestos e greves operárias crescia a disparidade entre o urbano e o rural, entre os patrões e os trabalhadores, caldo propício para os militantes adeptos das idéias do materialismo histórico.

São Paulo explodia como grande centro metropolitano impulsionado pelo acúmulo do capital produzido pelo produção do café, e o seu comércio, como pela indústria cafeeira. Ao mesmo tempo ali se concentrava um agitado e mutifacetado mundo intelectual e artístico, se tornando um polêmico centro cultural povoado de políticos, artistas, poetas,jornalistas e bacharéis.

Ao mesmo tempo em que o ideais comunistas surgiam do outro lado se formou nos anos 20 uma fase de transição a direita. A pequena burguesia lutava pela foramtação um pensamento nacional autônomo, o que acabou desembocando em movimentos chauvinistas.

Neste clima de revisão da história e de busca de identidade nacional o clima de insatisfação e protestos era geral em todos os segmentos sociais. Faltava, entretanto, uma burguesia descompromissada com o poder, definida historicamente, como aqui somente existia uma classe operária diminuta e desorganizada.

Neste período histórico do início do século XX, fora os ideais nacionalistas de cunho pequeno burguês surgiam outras correntes nacionalistas, mas de perfil fascista, pontilhando o mesmo cenário nacional. Em 1922 organizou-se a Legião do Cruzeiro do Sul,a Ação Social Brasileira (Partido Nacional Fascista), a Legião Cearense do Trabalho, o Partido Nacional Sindicalistaetc., movimentos estes que posteriormente na década de 30 servirão de base para o surgimento do integralismo.

Nesta época da década de vinte nas elitizadas vitrines das livrarias dominava ampla literatura sobre o fascismo europeu e as teorias racistas, compondo um clima de ainda maior e profunda contradição no seio desta nação mestiça.

Aqui no Brasil a elite, também mestiça, se considerava branca e ainda mantinha e incentivava as velhas idéias baseadas na pseudo-cientificidade eugênicas lombrosianas do branqueamento da população. Idéias herdadas do estertor escravagista do império, como "forma do Brasil sair do atraso". Para eles da elite "branca" o motivo da nosso atraso econômico e social não era a profunda dependência do capital internacional e de suas políticas neocoloniais e sim "apenas uma mera questão racial".