quinta-feira, 24 de março de 2011

Dengue do tipo 4


A dengue do tipo 4 chegou ao Sudeste, depois de registros recentes no Norte e Nordeste do País. Em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, duas irmãs, de 21 e 22 anos, estão infectadas. Elas não viajaram recentemente, o que aponta para uma transmissão autóctone (dentro do Estado). A chegada do vírus preocupa por aumentar o risco de epidemias, já que a maioria da população nunca teve contato com esse subtipo do vírus, que reapareceu no País em 2010 – após mais de 28 anos sem registros.

Jovens e crianças, assim como as irmãs fluminenses, não têm imunidade contra a dengue 4. Elas apresentaram os primeiros sintomas no dia último dia 6, mas os exames laboratoriais que identificaram o vírus, feitos Fundação Oswaldo Cruz, ficaram prontos apenas ontem. As garotas estão em casa e se recuperam bem, segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.

Em nota, a pasta informa que tomou todas as medidas de bloqueio do vírus e investigação epidemiológica. “Não há motivo para pânico”, afirma o secretário de Saúde do Estado, Sérgio Côrtes. Segundo ele, não há evidências de que o sorotipo 4 seja mais letal em relação aos demais subtipos.

Há o temor, contudo, de que a disseminação de mais uma variedade de vírus da dengue provoque um aumento no número de casos de dengue hemorrágica – esta, sim, mais grave do que a forma clássica. Isso porque a doença acomete, geralmente, quem já foi infectado por outro sorotipo do vírus.

Em São Paulo, nenhum caso de dengue 4 havia sido notificado até a noite desta quarta-feira (23), segundo informou ao JT o Ministério da Saúde. Desde setembro de 2010, a dengue 4 integra a lista de doenças de notificação compulsória no País – o que significa que casos suspeitos devem ser comunicados às autoridades de saúde em até 24 horas.

Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo não soube informar se já existem estratégias previstas para combater a dengue 4 se ela chegar ao Estado (ao lado, mais sobre a doença em São Paulo).

Os governos da Bahia e do Piauí já haviam informado a chegada da dengue tipo 4, as primeiras ocorrências da Região Nordeste. Até então, o vírus estava restrito à Região Norte, em Roraima, Amazonas e Pará.

O sorotipo viral 4 da dengue não circula no Brasil desde 1982 e, por isso, a maior parte da população brasileira não tem imunidade ao vírus, o que eleva o risco de uma epidemia. A Venezuela é apontada como a porta de entrada do vírus em Roraima – por fazer fronteira com o estado brasileiro e registrar circulação frequente desse tipo da doença.

Os sintomas da dengue 4 são os mesmos dos outros três tipos: dor de cabeça, no corpo, nas articulações e atrás dos olhos, febre, diarreia e vômito. O tratamento também é igual.

Epidemia fluminense

Oito municípios fluminenses enfrentam epidemia da doença – registram mais de 300 casos por 100 mil habitantes. O número de cidades dobrou em relação ao último relatório semanal da secretaria. Desde o início do ano foram detectados 26.298 casos suspeitos e 18 mortes, 6 delas na capital do Rio. No mesmo período de 2010 foram 4.188 casos e 5 mortes.

Para tentar conter o problema, a Secretaria Municipal de Saúde de Cantagalo, cidade que tem a terceira maior taxa de incidência de dengue no Rio, está usando uma técnica de bloqueio da circulação do vírus. Todas as casas, em um raio de 300 metros da residência onde há registro da doença, são pulverizadas com inseticida, como o usado no carro fumacê. “A molécula do pesticida percorre 400 vezes o ambiente e atinge o mosquito escondido. A eficácia é de 100%”, garante o coordenador de Vigilância Sanitária de Cantagalo, Igor Teixeira Carvalho. (JT)

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