O Diário – O que o senhor vai fazer a partir de janeiro de 2011?
PAULO BERNARDO – Procurar emprego. Na verdade não sei. O presidente Lula me pediu para continuar no governo e, portanto, imagino que esteja contratado até 31 de dezembro deste ano. Depois vou ver. Talvez vire marido de senadora.
O Diário – Em caso de vitória da candidata do PT, Dilma Rousselff, há algum compromisso para o senhor continuar no governo?
PAULO BERNARDO – Não. Se ela ganhar deve formar o governo dela. Não tem pré-compromisso algum, com ninguém.
O Diário – Porque o senhor abriu mão de disputar uma vaga na Câmara Federal?
PAULO BERNARDO – Eu estou satisfeito com o trabalho feito e não tenho necessidade de ser candidato. Fui deputado por três vezes. Não sinto a necessidade de me manter em cargos.
O Diário – Como o senhor avalia as acusações do governador Roberto Requião?
PAULO BERNARDO – Foi uma cafajestada dele. Mais uma. Na minha opinião, o Requião está com muito medo de perder a eleição para o Senado e do futuro político dele e, por isso, briga com todo mundo. Depois desse episódio recebi muitos relatos de prefeitos que foram humilhados, de muita gente que foi maltratada por ele. Acho que é desespero mesmo.
O Diário – Ele anunciou que segunda-feira vai apresentar provas concretas sobre o episódio…
PAULO BERNARDO – É desespero, não dá para dar muita atenção. Eu entrei na Justiça. Ingressei com uma ação cível e com uma representação no Ministério Público, pedindo a apuração de algumas coisas que ele falou. Depois do dia três de abril, vou entrar com uma ação criminal. Vou esperar ele deixar o cargo e perder o foro privilegiado, assim ele não vai poder se esconder atrás da condição de governador.
O Diário – O PT participou do governo até agora. O que motivou este racha?
PAULO BERNARDO – O PT participou e nós ajudamos muito. Se olhar as políticas sociais do governo Requião, vai observar que invariavelmente são financiadas pelo governo Federal. Políticas para área de Agricultura, de Ciência e Tecnologia, de Assistência, de Educação. O programa de educação técnica é quase totalmente financiado pelo governo Federal. Nós não temos problema algum em mostrar isso e nem vamos parar de financiar essas políticas. O povo do Paraná não pode ser culpado pelas maluquices do governador. Isso é responsabilidade dele. Nós não podemos parar de ajudar o Estado porque aí quem paga é o povo e não ele.
O Diário – Foi uma questão pessoal entre o senhor e o Requião ou há interesses eleitorais específicos por trás?
PAULO BERNARDO – Não tem questão pessoal. Nunca fui amigo dele. Nunca frequentei a casa dele. Acho que o problema é eleitoral. Ele está com medo. Sabe que vai perder e cria fatos para que falem dele, para tentar se manter em evidência.
O Diário – A ida do PT para a candidatura Osmar Dias pode ser a causa?
PAULO BERNARDO – Nós não temos problema com isso. É uma questão de momento. Eu, por exemplo, não tenho problema com o Pessuti. Já falei para ele que vamos continuar ajudando o Paraná. O problema do Pessuti é que ninguém acredita que o PMDB vai fazer a campanha dele para valer. Então, porque nós do PT temos que acreditar na candidatura dele?
O Diário – Mas essa parceria com o PMDB foi boa até aqui e como fica daqui para frente?
PAULO BERNARDO – Muito boa. O Requião pode até não concordar com isso, mas ele foi eleito pelo Lula nas duas vezes em que foi candidato. Em 2006, ele saiu todo arranhado porque venceu por uma diferença de 10 mil votos. Mas não vamos reclamar. Os absurdos que ele falou, as acusações pessoais, vou responder na Justiça. O resto veremos no futuro.
O Diário – Isso leva, invariavelmente, ao PDT de Osmar Dias?
PAULO BERNARDO – Eu diria que essa é a principal opção do momento. Evidente que o PDT e o Osmar Dias têm que se manifestar. Temos conversado e acho que depende dele formalizar e puxar uma aliança.
O Diário – Mudando de assunto, o Banco Central tem sinalizado com um índice de inflação acima do projeto. Por quê?
PAULO BERNARDO – A inflação aumentou um pouco. Temos uma meta de 4,5% e ela está na casa dos 5% ao ano, no acumulado de 12 meses. Isso se deve a alguns fatores. Primeiro, a economia cresce rapidamente. Isso reflete na demanda e provoca aumento de preços. Além disso, no começo do ano tivemos alguns problemas, como o excesso de chuva que prejudicou a produção de alimentos. Janeiro e fevereiro foram meses de inflação alta. Março já acalmou. A tendência é diminuir e fechar o ano um pouco acima da meta de 4,5%.
O Diário – Não há aí um aumento de gastos do governo, crescimento da dívida pública, até por conta do ano eleitoral?
PAULO BERNARDO – Não. Os gastos do governo estão sob controle. Nós temos sido rigorosos. Se pegar os seis primeiros anos do Governo Lula nós tivemos os melhores resultados fiscais dos últimos 40 anos. Em 2009, fizemos uma mudança, diminuímos o rigor fiscal para acudir a economia, então a dívida pública oscilou. Quando assumimos estava em 56% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2008, fechou em 38% do PIB. Ano passado aumentou para 43% por conta das mudanças feitas na economia. Este ano vai cair novamente, devendo fechar abaixo dos 40%. Isso está sob controle e não sobre influência de eleição. Nossa previsão de crescimento da economia é da ordem de 5% nos próximos quatro anos.
O Diário – Governos geralmente terminam em baixa e o governo Lula está em alta, qual é o segredo?
PAULO BERNARDO – Além do carisma do presidente, o governo combinou políticas macro muito austera, com controle da inflação e da dívida, redução de juros – quando o Lula assumiu a taxa de juros Selic era 25% agora está em 8,5% – com políticas micro que atenderam todos os setores. Aumentamos o crédito e o poder aquisitivo dos trabalhadores, combinado com políticas sociais que acho ajudaram a dar uma melhorada muito grande na distribuição de renda no Brasil. Juntando tudo isso resultou em um governo bem sucedido. Além disso, nós não temos cor partidária na hora de fazer parcerias com Estados e municípios. Nós temos grandes parcerias com municípios administrados pelo DEM, pelo PSDB (é o caso de Curitiba), do PP, como aqui em Maringá. Não temos aquela coisa de ajudar só os amigos. O governo não trata com partidos, mas com administradores públicos e olhamos os interesses do cidadão. Acho que tudo isso é reconhecido pela população.
O Diário – Algumas obras do PAC estão sob suspeita. Há risco de o governo suspender o repasse de recursos?
PAULO BERNARDO – A Controladoria Geral da União (CGU) fez uma apuração rigorosa e apontou várias irregularidades. A maioria exige correções e adequações. Se há condições de sanar os problemas, o município é chamado e tem que resolver. Parar apenas se houver alguma irregularidade muito grave. Interromper o repasse só se o órgão de fiscalização mandar. A gente segue a recomendação.
O Diário – Qual a posição do governo em relação à emenda Ibsen e à rediscussão do pacto federativo?
PAULO BERNARDO – Nossa posição é não mexer nos royalties dos poços de petróleo que já operam. Seria uma violência contra estes Estados. Agora, os novos poços têm que ter um critério diferente. A Constituição exige que uma parcela fique com os Estados produtores. A emenda Ibsen comete um erro que é não deixar nada especifico para os Estados produtores. Acho razoável que os outros Estados e municípios recebam uma parte dos royalties do pré-sal. Tem que fazer um acordo mantendo os direitos dos Estados produtores e dividindo uma fatia com os demais. Acho possível este acordo.
O Diário – O Paraná ainda sofre retenção de recursos por causa da dívida do extinto banco Banestado. Qual a opinião do senhor a respeito?
PAULO BERNARDO – Nós cumprimos a legislação. Tem força de lei nesse aspecto. Faltou disposição de negociar uma saída. Lamentavelmente, essas coisas não podem ser resolvidas com xingamento. Tem que ser na base do diálogo. Um projeto do senador Osmar Dias tramita no Congresso e, se aprovado, soluciona o problema. Agora, tem que conversar.
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segunda-feira, 29 de março de 2010
Entrevista dada pelo Paulo Bernardo ao "O Diário do Norte do Paraná"
segunda-feira, março 29, 2010
Molina com muita prosa & muitos versos
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