Durante assembleia na manhã desta sexta-feira (16), o operários que trabalham na construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho (RO), decidiram pela manutenção da greve.
A mobilização teve início no último dia 12 por conta das precárias condições mantidas no canteiro da Enesa Engenharia, contrata pelo Consórcio Sustentável do Brasil (ESBR) para montagem dos geradores da obra.
Apesar da decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 14.ª Região, que considerou a greve ilegal e determinou multa de R$ 100 mil ao sindicato por dia parado, os trabalhadores resolveram manter a mobilização. “Vamos conversar com a comissão no sindicato e chamar a empresa para negociar. A pauta de negociação já foi protocolado e vamos continuar conversando para tentar chegar a um acordo”, comenta Cláudio Gomes, presidente da Confederação dos Trabalhadores na Indústria da Construção e Madeira (Conticom).
Segundo ele, que acompanha a negociação ao lado do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Rondônia (Sticcero), apenas serviços essenciais, como a manutenção de bombas e dos refeitórios segue funcionando.
Funcionários da Camargo aderem – A manifestação que começou como uma reivindicação dos funcionários da Enesa, passou a contar com o apoio dos operários da Camargo Corrêa, que inicialmente foram dispensados pela empresa para evitar conflitos como os de maio do ano passado, mas acabaram aderindo à greve.
Naquela ocasião, as péssimas condições em Jirau e na construção da hidrelétrica de Santo Antônio, também em Rondônia, culminaram em conflitos e em uma greve histórica que durou 28 dias.
Por conta da pressão da CUT, no último dia 1.º, após intensas negociações, trabalhadores, governo e empresários assinaram o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção. O documento facultativo estabelece padrões mínimos para questões como salário, moradia, segurança e saúde no trabalho, jornada, higiene e alimentação.
O problema é que grandes empresas como a Camargo Correa, uma das que compõem o grupo ESBR, aderiram, mas menores, como a Enesa, ainda não.
“Esse será um dos principais pontos da nossa pauta. Vamos pedir a adesão ao pacto da Enesa e de todas as outras contratadas para acabar com a precarização. Além de isso também permitir a eleição de representantes por local de trabalho, conforme prevê o acordo”, comentou Gomes.
Vale lembrar que o consórcio é comandado pela multinacional francesa Suez e, além da própria Camargo, conta com a Eletrosul e a Chesf como sócias minoritárias.
De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), são previstos R$ 8,7 bilhões na construção de Jirau. Desse montante, R$ 7,2 bilhões, 63% do custo total, são compostos por recursos públicos provenientes do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). (CUT)
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