domingo, 25 de setembro de 2011
O LIXO QUE É O MERCADO DO LUXO: Outras sete marcas flagradas com o uso de trabalho escravo
domingo, setembro 25, 2011
Molina com muita prosa & muitos versos
Além da grife Zara, outras seis marcas de roupas foram encontradas em auditorias feitas pelo Ministério Público do Trabalho de Campinas para apurar situação de mão-de-obra escrava em oficinas em Americana, interior de São Paulo, segundo a procuradora Fabíola Zani. As marcas são Ecko, Billabong, Gregory, Brooksfield, Cobra d’Água e Tyrol.
De acordo com Fabíola, 50% da produção encontrada era da marca Zara, do grupo espanhol Inditex. Porém, etiquetas destas outras marcas também foram encontradas nas fábricas irregulares, e por isso serão incluídas no inquérito, segundo a procuradora.
"Vamos chamar todas as marcas que tiveram etiquetas encontradas para que ajustem a conduta de toda a cadeia produtiva, para que não se encontre trabalho degradante", diz a procuradora. "Vamos chamá-las para dizer que a situação é grave, para a imagem da própria marca. O que pretendemos é regularizar condutas."
João Batista Amâncio, auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego, que participou das fiscalizações em Americana, disse que 51 pessoas foram encontradas trabalhando em uma única oficina, sendo 45 bolivianos e 1 chileno. Segundo o auditor, apenas 12 deles tinham documentação trabalhista. No ato da fiscalização foram cobrados R$ 150 mil entre direitos trabalhistas e fundo de garantia dos trabalhadores.
A procuradora Fabíola Zani descreveu como é o local de trabalho na confecção: "Galpão improvisado, alojamento com famílias, crianças morando. Tinha botijão de gás dentro do quarto. Eles cozinhavam com risco de incêndio e intoxicação." Ela diz ainda que havia banheiros coletivos e sem condições de higiene. "Embaixo, na própria confecção, havia fiação elétrica exposta, uma emendada na outra. Era uma casa adaptada para uma confecção. Um calor insuportável, sem ventilação, iluminação adequada", afirma a procuradora.
Resposta das marcas
O responsável pelo desenvolvimento de produto da Brooksfield, Bruno Minelli informou que "a empresa não compra produtos de nenhum fornecedor em Americana". Ele disse não ter sido notificado pelo Ministério Público e só ter sido informado do caso pela imprensa.
Por meio de nota, a Gregory afirmou: "a empresa não fabrica nenhuma peça que é comercializada nas suas lojas. O serviço é terceirizado por fornecedores e nenhum deles está localizado em Americana". Na nota, a assessoria de imprensa disse ainda que a empresa "desconhece esse fato e irá apurar como etiquetas da marca foram parar no local e tomar as devidas providências".
O grupo Inditex, responsável pela marca Zara, disse que vai revisar, com a ajuda do Ministério do Trabalho, as condições de trabalho dos funcionários de seus fornecedores no Brasil. As outras marcas não se manifestaram.
As autoridades brasileiras emitiram, ao todo, 52 autos de infração contra duas subcontratadas que produzem e fornecem roupa para a Inditex no Brasil.
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