segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A lista de 20 promessas avisa que a fábrica de vigarices inventou o conto da olimpíada


Para emplacar a candidatura do Rio a cidade-sede da Olimpíada de 2016, o Planalto, o presidente Lula, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes endossaram o colosso de promessas apresentadas oficialmente ao Comitê Olímpico Internacional pela cartolagem brasileira. Entre as mais vistosas, delirantes, malandras, lucrativas ou simplesmente irresponsáveis, a coluna selecionou 20 maravilhas que, passados dois anos, não saíram da imaginação da turma que festejou em Zurique a conquista patriótica. Segue-se a lista, que reproduz sem correções nem retoques o que está escrito no “caderno de encargos” que garantiu a escolha do Rio:

1. Entregar à iniciativa privada a administração do Maracanã, em regime de concessão, até julho de 2013.

2. Despoluir a Baía de Guanabara.

3. Transformar a Zona Portuária em um bairro residencial de entretenimento e turismo.

4. Plantar 24 milhões de árvores na cidade até 2016.

5. Criar uma política de tolerância zero ao desmatamento da Mata Atlântica, para acelerar a regeneração do Parque Nacional da Pedra Branca e da Floresta da Tijuca, e estender à medida aos mangues da Barra e às proximidades das instalações esportivas.

6. Tratar e reciclar 100% do lixo sólido gerado durante os preparativos e operação dos Jogos de 2016 em parceria com comunidades carentes.

7. Recuperar até junho de 2016 a Baía de Guanabara, além de rios e córregos, em particular o sistema lagunar da Barra da Tijuca.

8. Eliminar todos os lixões ilegais da cidade até 2010.

9. Criar novas estratégias para a reciclagem do lixo e enviar o entulho das novas construções para usinas de reciclagem.

10. Implantar mecanismos para reaproveitar a água das chuvas e um sistema de economia de energia elétrica com o uso de painéis solares nas instalações esportivas e nas vilas a ser construídas.

11. Gerar 50 mil empregos temporários e 115 mil permanentes em áreas como turismo, gestão de esporte, construção civil e comércio, entre outras.

12. Construir uma Vila Olímpica no terreno da Cidade do Rock com 17,7 mil camas, um centro de treinamento que reúna equipamentos de 11 esportes olímpicos e oito paraolímpicos, empreendimento que será habitado por cerca de 2.400 famílias após o término do evento.

13. Criar uma praia particular para os atletas (Reserva).

14. Implantar o projeto Jovens Embaixadores: a partir de março de 2015, alunos das escolas do Rio estudarão os valores Olímpicos e Paraolímpicos, os esportes e também a cultura dos países que participarão das Olimpíadas.

15. Investir, até 2012, R$ 3,35 bilhões no Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci) para implantar medidas preventivas de combate à violência.

16. Criar uma força única e integrada de segurança sob a coordenação da Secretaria Nacional de Segurança Pública.

17. Investir R$ 731 milhões (em valores de setembro de 2009) em projetos de segurança para o evento.

18. Ter, em 2016, 100% da frota de ônibus do Rio equipada com combustíveis limpos, como o biodiesel e o etanol.

19. Criar barreiras acústicas para os novos corredores de transporte, com o plantio de árvores ou paisagismo.

20. Concluir a linha de metrô até a Barra da Tijuca.

Os cartolas do COI e o Brasil decente caíram no conto da olimpíada, outra invenção produzida pela usina de vigarices tropicais. Funcionou muito bem e aumentou a fortuna de meio mundo. Como não deu cadeia, o lançamento oficial está em curso ─ e em escala ampliada. Os brasileiros que pagam impostos ainda estarão convalescendo da Copa da Roubalheira quando lhes for apresentada a conta da Olimpíada da Ladroagem.

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