Em menos de uma semana, Gleisi já desagrada PMDB

Menos de uma semana depois da troca de Antonio Palocci pela senadora Gleisi Hoffmann na Casa Civil, a nova ministra já virou alvo de críticas e reclamações da base governista. Em especial do PMDB. Embora tenha sido designada pela presidente Dilma Rousseff para cuidar, prioritariamente, da gestão dos principais programas federais, Gleisi já teria começado a avançar sobre temas de interesse político, retomando o processo de nomeações para o segundo e terceiro escalões do governo. A bancada do PMDB no Senado, por exemplo, já abriu suas baterias contra a nova chefe da Casa Civil depois de ser surpreendida hoje com a nomeação do técnico Marcelo Afonso Silva para a diretoria de Obtenção de Terras do Incra. Os peemedebitas reclamam que a vaga já havia sido negociada com o partido, que acabou atropelado por Gleisi. Mas quem acabou escutando as queixas foi a nova coordenadora política do governo, a ministra Ideli da Salvatti, que assumiu ontem a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e hoje resolveu fazer uma visita de cortesia ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ideli foi advertida ainda, por alguns de seus antigos colegas, sobre o risco de perder o controle das nomeações políticas para sua colega de Planalto. _ Se você não tiver autonomia, vai acabar como o outro _ alertou um peemedebista, referindo-se ao antecessor de Ideli na SRI, Luiz Sérgio, que chegou a receber o apelido de “garçom” por anotar os pedidos da base, mesmo sem ter condições de dar encaminhamento aos pleitos. A avaliação dos peemedebistas é de que a nova chefe da Casa Civil teria decidido realmente limpar as prateleiras de Antonio Palocci, mas desovando apenas os pedidos do PT, como forma de ganhar o respaldo de seu próprio partido, que teria reagido mal à sua nomeação para o cargo na semana passada. De sexta-feira para cá, o deputado José Guimarães (PT-CE), por exemplo, já teria conseguido emplacar nomes de sua confiança no BNB, Ibama, Conab e Correios. Outra nomeação que teria gerado reações entre os peemedebistas foi a do técnico Marcelo Contreiras Dourado para a Superintendência do Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco), cargo oferecido inicialmente ao ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende, que rejeitou a oferta depois de constatar o esvaziamento do órgão. Se quiser contornar esse clima de insatisfação que começou a despontar ontem entre os peemedebistas do Senado, a ministra Ideli terá de agir rápido, até para não comprometer a tramitação de matérias de interesse do governo na Casa. O PMDB terá papel fundamental, por exemplo, na discussão do texto do Código Florestal, já que conseguiu emplacar o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) como relator da proposta em duas das três comissões pelas quais o projeto terá de tramitar antes de seguir para o plenário. O partido também terá um papel decisivo na costura de um novo acordo em torno da proposta de emenda constitucional que altera o rito de tramitação das medidas provisórias.