quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Para Dilma o pré-sal é “passaporte para o futuro”, mas petroleiras já abandonam a perfuração de poços

Mico na mão – No curto e incipiente falatório que discorreu na abertura dos trabalhos legislativos do Congresso Nacional, na quarta-feira (2), a presidente Dilma Rousseff usou algumas pílulas de messianismo deixadas por Lula no Palácio do Planalto e voltou a classificar a exploração do petróleo da camada pré-sal como “passaporte para o futuro”. Quando o assunto é passaporte, em especial os diplomáticos, a neopetista Dilma não é a pessoa mais adequada para tratar do tema.

É sabido que as reservas de petróleo e gás existentes na camada pré-sal no mar territorial do Brasil só serão comercialmente viáveis dentro de no mínimo dez anos. É fato que uma década na vida de uma nação pouco representa, mas gazetear com alarde e antecedência algo que ainda é uma interrogação pode ser uma decisão perigosa. Quando o assunto do pré-sal veio à baila, Luiz Inácio da Silva, o “nosso guia”, decidiu pegar carona no evento e flanar pelo planeta na condição de xeique tupiniquim do petróleo. O mesmo fará Dilma, que ressuscitou o assunto na mensagem presidencial entregue ao Congresso.

Ex-ministra de Minas e Energia, com alardeada competência no setor, Dilma, por conta dos afazeres típicos de um chefe de governo, pode estar desinformada sobre alguns percalços que já enodoam o manto sagrado que recobre o pré-sal, ou, então, a presidente prefere omitir os fatos como forma de manter o inconsciente coletivo sob domínio.

No balanço do último trimestre de 2010, a gigante ianque Exxon, especializada na exploração de petróleo, contabilizou como perdas os dois poços perfurados na camada pré-sal da Bacia de Santos, sob a justificativa técnica de não contêm reservas comerciais de óleo ou gás natural. A Exxon, após a fracassada perfuração de três poços na Bacia de Santos, parece ter desistido de encontrar petróleo ou gás, o que pode ser o primeiro grande fiasco do que agora Dilma Rousseff chama de “passaporte para o futuro”.

De acordo com matéria assinada pelo jornalista icola Pamplona, em “O Estado de S. Paulo”, a “Exxon, porém, não é a única a obter maus resultados em busca de petróleo do pré-sal. A britânica BG também fracassou no poço Corcovado 2, perfurado no bloco BM-S-52, a oeste das grandes descobertas da Petrobrás. A estatal, porém, continua mantendo grande índice de sucesso na região – na terça-feira, anunciou mais uma descoberta, chamada Carioca Nordeste”.

Não obstante, as recentes catástrofes naturais registradas em várias partes do planeta obrigarão os governantes minimamente conscientes e responsáveis a adotarem políticas drásticas de controle e redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa, o que de forma automática sugere a adoção de fontes de energia limpa. O que faz com que o petróleo, em futuro não tão distante, deixe de ser vantajoso do ponto de vista comercial.

De acordo com geólogos da Petrobras ouvidos pelo ucho.info, o petróleo da camada pré-sal só será viável comercial e financeiramente se a cotação do produto no mercado internacional estiver acima dos US$ 80 por barril. Do contrário é queimar dinheiro do contribuinte.

Não é difícil imaginar o futuro que o tal passaporte sugerido pela presidente Dilma pode proporcionar aos brasileiros, se a senha do presente caminha na direção do mico.

Fonte: UCHO

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