Casa de R$ 500 mil, em Atami, em nome da Ecoport
VANESSA PRATEANO/GP
A Polícia Federal (PF), que investiga um esquema milionário de desvio de cargas e fraudes em licitações no Porto de Paranaguá, deve pedir nas próximas semanas a quebra do sigilo bancário e fiscal das empresas Petroil, Acquaplan, Fundação Terra e Ecoport, contratadas para prestar serviços à Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). As investigações, conduzidas pela Operação Dallas da PF, apontam que as quatro empresas estariam ligadas ao ex-superintendente do porto, Daniel Lúcio de Oliveira de Souza, preso na quarta-feira no Rio de Janeiro, e teriam sido beneficiadas por contratos irregulares.
“Vamos pedir a quebra dos sigilos fiscal e bancário para acompanhar a evolução patrimonial das empresas enquanto ele [Souza] esteve à frente da administração do porto e levantar os bens em nome dessas empresas e se eles estão de alguma forma ligados a ele”, afirmou o delegado-chefe da PF em Paranaguá, Jorge Fayad.
Até ontem, a PF já havia mapeado a existência de uma casa em Atami, no litoral do estado, avaliada em R$ 500 mil, em nome da Ecoport, empresa sediada em Paranaguá e cogitada pela Appa para fazer estudos ambientais. No local foram encontrados documentos e recibos de pagamento de contas no nome do ex-chefe do porto e da mulher dele, além de porta-retratos com fotos da filha do casal. A Ecoport também foi a compradora de um veleiro, avaliado em mais de R$ 400 mil, que seria usado por Souza. A PF investiga ainda o registro de dois imóveis no condomínio Ecoville, no bairro Mossunguê, em Curitiba, feito por uma quinta empresa em nome dos filhos de Souza.
A PF cogitava pedir ainda ontem a prisão preventiva do ex-superintendente, com o objetivo de ganhar mais tempo nas investigações, além da prorrogação da prisão temporária dos outros nove detidos na Operação Dallas. O órgão trabalha ainda para obter mais indícios que reforcem o pedido de prisão do ex-superintendente da Appa Eduardo Requião, irmão do ex-governador Roberto Requião. O pedido anterior foi negado pela Justiça.
Ontem, a Justiça Federal emitiu uma nota oficial confirmando os nomes dos dez presos na Operação Dallas. Além de Souza, foram detidos Agileu Carlos Bittencourt, funcionário do Tribunal de Contas do Estado e responsável pela inspeção da contabilidade portuária; Maria Alejandra Fortuny, ex-advogada do porto; José Maria Moura Gomes, ex-engenheiro do porto; Anderson Fumagalli, diretor do Grupo Interalli, dono da Cia Brasileira de Logística (CBL) e de outras 20 empresas, entre elas as concessionárias Ford Slaviero, Hyundai Slavel e Honda Niponsul; Fabrício Slaviero Fumagalli, sócio da CBL; e Washington Viana e Silva, Paulo César de Souza Vilela, Mauro Pereira Maia e Helder Sorgi Catarino, funcionários da CBL ou de empresas ligadas ao Grupo Interalli. As prisões temporárias são válidas por cinco dias (vencem amanhã e segunda) e podem ser prorrogadas.
Outro lado
Em entrevista, o diretor da Fundação Terra, Lúcio Tadeu de Araújo, negou envolvimento nos crimes. “Apresentamos uma proposta [para a realização dos estudos ambientais], mas isso nunca redundou em recebimento de recursos ou prestação de serviços. A proposta foi aprovada, mas o serviço não foi feito”, disse. Araújo negou que a fundação mantivesse ligação com Souza. A reportagem tentou contato com as outras empresas citadas na investigação da PF, sem sucesso.
sábado, 22 de janeiro de 2011
PF pede quebra de sigilo para investigar Souza
sábado, janeiro 22, 2011
Molina com muita prosa & muitos versos
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