sábado, 8 de janeiro de 2011

Mesmo com 2 ministros, Paraná encolhe no 1.º escalão do Planalto


ANDRÉ GONÇALVES/GP

Apesar de ter mantido duas vagas na cúpula do Planalto, a participação do Paraná no primeiro escalão do governo Dilma Rousseff (PT) perdeu força em relação ao último mandato de Lula. No campo político e orçamentário, o Ministério das Comunicações e a Secretaria-Geral da Presidência têm menos peso do que as áreas ocupadas por paranaenses na gestão anterior: Plane­­jamento e Agricultura. Além disso, as escolhas atuais quase não levaram em consideração critérios regionais.

“O Paraná não ganhou nada até agora no governo Dilma por apelo político próprio”, avalia o cientista político Antônio Flávio Testa, da Universidade de Brasília. Tanto Paulo Bernardo, que foi remanejado do Planejamento para as Comunicações, quanto Gilberto Carvalho, que foi trocado da chefia de gabinete da Presidência (que não tem status de ministério) para a Secretaria-Geral, já faziam parte do “núcleo duro” do PT no Palácio do Planalto. Além disso, ambos foram escolhidos por opção pessoal da presidente. Além disso, Carvalho é mais ligado ao PT paulista do que ao do Paraná.

Com o paranaense Paulo Bernardo no Ministério das Comunicações, o governo federal ameniza o tom contra a imprensa e deve rever o projeto de regulação da mídia elaborado pelo ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins. Ontem, em entrevista coletiva, Bernardo defendeu uma discussão detalhada dentro do Executivo e com a sociedade antes de se definir a proposta a ser enviada ao Congresso Nacional.

Paulo Bernardo é o paranaense que por mais tempo ocupou um cargo no primeiro escalão federal em todos os tempos (veja quadro ao lado). Durante três anos da gestão Lula (2007 a 2010), teve como colega o peemedebista Reinhold Stephanes (Agricultura). E nos últimos nove meses do ano passado, a londrinense Márcia Lopes (Desenvol­­vimento Social), irmã de Gilberto Carvalho.

As três pastas que foram administradas por paranaenses no governo passado somam um orçamento global previsto para 2011 de R$ 68,9 bilhões – R$ 9,4 bilhões para a Agricultura, R$ 16,3 bilhões para o Planejamento e R$ 43,2 bilhões para o Desenvolvimento Social (pasta que cuida do Bolsa Família). Já as Comunicações têm créditos previstos de apenas R$ 4,4 bilhões, enquanto a Secretaria-Geral não tem uma descrição orçamentária própria – está no guarda-chuva da Presidência da República, que tem recursos previstos em R$ 7,4 bilhões.

FHC nomeou mais ministros do Paraná, mas Lula manteve escolhidos do estado por mais tempo. Dilma não ampliou escolhas.

Fernando Henrique Cardoso (1995-2002):

Reinhold Stephanes – Ministro da Previdência Social (1/1995 a 4/1998)

José Eduardo de Andrade Vieira – Ministro da Agricultura (1/1995 a 5/1996)

Rafael Greca – Ministro do Esporte e Turismo (1/1999 a 5/2000)

Euclides Scalco – Secretaria-Geral da Presidência (4/2002 a 12/2002)

Francisco Gomide – Minas e Energia (4/2002 a 12/2002)


Lula (2003-2010):

Paulo Bernardo – Ministro do Planejamento (3/2005 a 12/2010)

Reinhold Stephanes – Ministro da Agricultura (3/2007 a 3/2010)

Márcia Lopes – Ministra do Desenvolvimento Social (3/2010 a 12/2010)


Dilma Rousseff (2011):

Paulo Bernardo – Comunicações

Gilberto Carvalho – Secretaria-Geral da Presidência

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