“A situação do Paraná ainda é boa, o problema está em regiões mais pobres, como o Nordeste”, avaliou o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski. O levantamento consultou 386 das 399 prefeituras do estado. No geral, foram ouvidos representantes de 4.773 dos 5.563 municípios brasileiros – 3.568 (75% da amostra) declararam que vão ter dificuldades com o FPM e 2.080 (44% da amostra) disseram que vão deixar contas descobertas.
Ziulkoski descreveu o cenário como “caótico” e explicou que os problemas só não vieram à tona até agora devido ao período de eleição. Segundo ele, os atuais gestores evitam falar sobre a situação para não serem atacados pela oposição. Devido à legislação eleitoral, a confederação não divulgou a lista dos municípios que participaram da pesquisa.Caos
“Os prefeitos que estão entrando não têm nem ideia do que vão assumir no dia 2 de janeiro. Se soubessem, não passariam nem perto de uma prefeitura”, afirmou. Nas contas dele, a situação pode tornar até 3 mil prefeitos fichas-sujas por condenações relacionadas à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) dentro dos próximos dois anos.
Muitos também podem ir para a cadeia. A Lei 10.028/2000 criminaliza governantes que autorizem despesas nos últimos dois quadrimestres de mandato cujos valores não possam ser pagos no ano de exercício ou que não tenham a previsão de quantia equivalente em caixa para o ano seguinte. A pena para a prática é de um a quatro anos de prisão.
Críticas à União
Para a CNM, grande parte do rombo nas contas das prefeituras foi gerada por iniciativas unilaterais do governo federal. A estimativa da entidade é de uma queda de R$ 9 bilhões na receita do FPM (fundo alimentado pela arrecadação de tributos federais e rateado de acordo com a população dos municípios). Desse valor, R$ 6,9 bilhões são referentes à desaceleração da atividade econômica, R$ 1,5 bilhão representam as desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e R$ 595 milhões são o impacto da diminuição das alíquotas da Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide), tributo dos combustíveis.
De acordo com a confederação, os municípios também foram os entes mais afetados com políticas públicas e legislações aprovadas recentemente pelo Congresso Nacional. A política de aumento do salário mínimo gerou um impacto nas contas municipais de R$ 2,85 bilhões, enquanto a criação do piso nacional dos professores, de R$ 5,4 bilhões. “A União e o Congresso não olharam para os outros entes antes de fazer tudo isso”, reclama Ziulkoski.
Por último, a CNM também contesta os restos a pagar inscritos no Orçamento Geral da União e que não são reconhecidos como dívidas com as prefeituras pelo governo federal. Ao todo, o estoque de restos a pagar da União em favor dos municípios é de R$ 18,7 bilhões, sendo que R$ 7,5 bilhões são de projetos em execução que ainda não foram pagos.
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