Matéria antiga, mas ainda bem atual, publicada no G1:
Para piorar a situação, segundo a pesquisa do IBGE, a população que vive em favelas cresceu 45% entre 1991 e 2000, três vezes mais que a média do crescimento demográfico do país.
Para chegar a essa conclusão, o Instituto tomou como base o número de favelados que são considerados “oficiais” no Brasil porque correspondem à definição internacional de favela. Segundo critérios como o acesso a saneamento e precariedade da moradia, existem hoje no país 6,5 milhões de favelados.
No entanto, se forem considerados itens como a irregularidade de posse, o total sobe para 51,7 milhões, tornando o Brasil o país com a terceira maior população favelada do mundo, atrás apenas de Índia e China – conforme mostrou o livro “Planeta Favela”, que foi publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
É consenso entre especialistas que não basta urbanizar favelas. É preciso integrá-las às cidades, com transporte, geração de renda e educação. Dois projetos nas maiores cidades do país – o Favela-Bairro, do Rio, e o Cingapura, de São Paulo – frustraram a expectativa de que seriam o início de um processo de inclusão das populações.
“Podemos dizer que eles apenas ‘enxugaram gelo’”, diz o economista André Urani, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets). “O problema hoje é maior do que quando esses programas começaram.” Levantamento do Iets, com dados do Censo 2000, mostra que a Grande São Paulo tinha 1.179.396 pessoas morando em favelas em 1991. Em 2000, eram 1.678.372. No Grande Rio, o número subiu de 1.129.197 para 1.248.091. “Temos metrópoles decadentes.”
Causas
“Esse problema é resultado de uma trágica equação de mercado de trabalho: ocupação transitória, baixa remuneração, má formação. As pessoas se concentram nas áreas ricas da cidade ou nas suas proximidades para ter oportunidade de emprego e renda”, diz o coordenador do Observatório das Metrópoles, Luiz César de Queiroz Ribeiro. Ribeiro diz que São Paulo tem favelas ocupadas a partir dos anos 80, com “concentração de pobreza extrema”. O Rio já tem favelas estratificadas, divididas em regiões pobres e outras “não tão pobres”.
Para a secretária-geral do Fórum Nacional de Reforma Urbana (que reúne movimentos de moradia e ONGs), Regina Ferreira, o governo dá pouca atenção ao problema. “Dos 43 milhões de domicílios do Brasil, um terço é inadequado por não ter saneamento, transporte, água potável. E a lei que cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social levou 14 anos para ser aprovada.
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