sábado, 6 de novembro de 2010

Em corte, iraquianos denunciam torturas em "Abu Ghraib britânica"

BBC/BRASIL

Militares britânicos teriam torturado prisioneiros iraquianos sob seu poder, no que está sendo descrito como a "Abu Ghraib britânica" --referência à prisão comandada por americanos e que chocou o mundo com fotos e relatos de tortura física e psicológica.

Segundo relata o jornal "The Guardian", 200 ex-presos de um centro de interrogatório secreto do Reino Unido trouxeram evidências a uma alta corte do país de que passaram fome, foram proibidos de dormir e ameaçados de morte. Tudo teria ocorrido no centro em Basra, no Iraque, operado pela Joint Forces Interrogation Team (JFIT) --equipe conjunta de interrogação, em tradução livre.

A corte ouviu, ainda segundo o "Guardian", relatos de que os prisioneiros da JFIT apanharam, foram forçados a se ajoelhar em posições desconfortáveis por mais de 30 horas seguidas e alguns até mesmo submetidos a choques. Alguns dos prisioneiros relatam ainda que foram submetidos à humilhação sexual de soldados mulheres e outros, que passaram dias em celas de um metro quadrado.

O grupo de advogados que representa os ex-prisioneiros quer levar a denúncia a um inquérito público para buscar culpados. Nesta sexta-feira, eles participaram de uma primeira audiência que vai determinar se há provas para seguir adiante --o procedimento deve durar três dias. Para isso, contudo, enfrentarão a oposição do Ministério de Defesa, que já defendeu que o caso deve ser investigado internamente.

O jornal destaca ainda dois vídeos apresentados como evidência e nos quais um suposto insurgente, preso em abril de 2007, é questionado sobre um ataque contra uma base britânica.

As imagens, feitas pelos próprios interrogadores, mostram militares gritando ofensas e ameaçando o iraquiano de morte. Eles aparentemente ignoram os relatos do prisioneiro de que está sendo proibido de dormir e forçado a jejuar há dois dias. No fim das seções, ele é arrastado pelos dedões ao longo do corredor.

O advogado do prisioneiro alega ainda que golpes contra seu cliente, assim como seus gritos de dor, podem ser ouvidos ao fundo no fim do vídeo.

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