quarta-feira, 17 de março de 2010

O CIRO É A PEDRA NO CAMINHO DA DILMA

Na entrevista a "Valor" o Ciro Gomes - que não abre mão da candidatura a presidência - ao mesmo tempo em que elogia o presidente Lula desanca a política econômica do governo implantada pelo Meirelles e a aliança com o PMDB.

Nela Ciro afirma não quer abrir mão da candidatura para preservar espaço para críticas ao segundo mandato do presidente petista, quando ocorreu uma erosão “dramática” das contas externas, afirma. “Esse debate foi abolido da cena política por oportunismo político-eleitoral".

Com discurso duro apontou o dedo para “figuras tenebrosas” e “almas penadas” da política afirmando que são os mesmo que aderem a todos os governos e cita entre outros os deputados do PMDB Eduardo Cunha (RJ), Michel Temer (SP) e Eliseu Padilha (RS).

Quando perguntaram das suas chances de desistir da candidatura presidente ele afirmou:

"Continuo candidato. E, dessa, saio vitorioso ou derrotado, nem desistência, nem recuo são possíveis. Uma motivação da minha candidatura é o imperativo moral do flanco onde eu faço política – e sou eu, pelas circunstâncias, quem tem melhor condição de não permitir que a agenda do país se reduza ao plebiscito despolitizado, com personalismos exacerbados, uma disputa entre a turma do Lula, à qual eu pertenço, contra a do Fernando Henrique Cardoso. O imperativo moral é apresentar o que importa."

Inquirido sobre o porquê de ele sair candidato contra a Dilma se aprova tanto o governo ele respondeu:

"Neste segundo mandato, as contas externas brasileiras estão erodindo de forma dramática. Esse debate foi abolido da cena política por oportunismo político-eleitoreiro"...

Perguntado se os problemas do governo se concentram na área econômica ele disse:

"Olhando pelo retrovisor, tudo melhorou: a educação, a saúde, a questão da universidade. Mas na saúde pública, por exemplo, não foi feito nada estratégico. A educação pública brasileira está melhorando, mas ainda é uma tragédia. E o imperativo moral é impedir o plebiscito que o PT e o PSDB acertaram para confinar o país nas suas miudices e projetar um futuro. Se melhorou, o passado não deve voltar."

Este aparentemente é o discurso de quem não tem volta em relação a pretensão de disputar a eleição.

Segundo a última pesquisa estimulada do IBOPE realizada entre os dias 6 e 10 deste mês o Ciro, que se alinha ao governo Lula, tira votos da Dilma, mas também que no caso de sua desistência estes não seriam transferidos na totalidade para a candidata.

Nela com o Ciro aparecendo o Serra teria 35%, a Dilma teria 30% e o Ciro 11% e sem este como adversário a Dilma teria 33% e o Serra 38%, o que mostra que muitos dos que votam no Ciro tem como segunda opção o Serra e que em caso dele desistir estes votos não seriam transferidos automaticamente para a Dilma e sim pulverizados em todas as demais candidaturas. Em parte eles iriam para o Serra, subindo este de 35% para 38% e os outros candidatos, tal qual a Marina que subiria de 6% para 8%. A Dilma subiria de 30% para 33%, sendo, portanto beneficiada com o mesmo coeficiente de transferência que beneficiaria o Serra, só 3%, o que para este ao manter a vantagem é muito, o que para ela é pouco.

Carlos Molina

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