terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

REVOLTA POPULAR NO EGITO


Brasileiras encurraladas no Cairo contam que os jovens já não agüentam mais a ditadura gípicia. Falta de liberdade, falta de empregos: eles querem democracia, eles querem o direito ao voto:

"Ninguém aguenta mais, são 30 anos de poder. Os jovens egípcios são inteligentes, não têm emprego, a pobreza é muito grande no Egito, a sujeira".

"E as pessoas estão pedindo para ele [Mubarak] para ter mudanças. Aqui é ditadura, eles querem democracia, eles querem voto."

'Estamos confinadas', diz dançarina brasileira no Cairo

A dançarina e professora de dança brasileira Rossana Marcondes de Mello, afirmou em entrevista à Folha que está "confinada" em um apartamento no bairro de Mokatam, no Cairo, com mais três brasileiras desde que os protestos antigoverno começaram, na última terça-feira (25).

O relato da brasileira:

Está é a sétima vez que Rossana, moradora de Ribeirão Preto (SP), vai ao país, onde faz cursos de especialização em dança e na cultura egípcias.

Desta vez, ela chegou no último dia 9 e está com passagem marcada para 9 de fevereiro.

"Do dia para a noite, mudou tudo por aqui. Nós estamos presas num apartamento porque a gente não pode sair", afirmou em entrevista por telefone. "Estão acontecendo tiroteios, as pessoas saem dos carros correndo, tem barricadas e as pessoas estão armadas com pedaços de cano em frente ao prédio."

A brasileira contou que o barulho de tiros é constante, inclusive à noite. "A gente não dorme direito porque você ouve tiro, explosão."

Para conseguir comprar um pouco de comida --o suficiente para no máximo cinco dias, e isso tendo que racionar os alimentos--, Rossana e as amigas brasileiras tiveram de sair de véu islâmico nas ruas, para evitar serem identificadas como estrangeiras.

Mas no supermercado --saqueado e com marcas de sangue no chão--, elas conseguiram comprar pouca coisa. "Hoje já não tinha açúcar. Nós conseguimos três pacotes. Não está chegando comida no Cairo, e as pessoas estão com fome na rua."

SEM APOIO

Rossana contou que, ao ligar na Embaixada do Brasil no Cairo, foi aconselhada a permanecer em casa, "porque os aeroportos estão cheios de gente no chão".

Ela citou outros países --Estados Unidos, Turquia, Reino Unido-- que enviaram aviões para levar de volta os cidadãos que quiserem deixar o Egito. "Eles falaram para mim que não tem nenhuma orientação", contou.

Em outra ocasião, a embaixada orientou para que elas fossem para o aeroporto, mas sem a garantia de que conseguiriam trocar a data da passagem de volta --a companhia aérea é a Alitalia, cujo escritório fica no centro do Cairo, onde se concentram os protestos.

"Não há a menor condição disso [ir ao aeroporto]. Então eu estou no apartamento quieta, fechada e com as luzes apagadas, porque a gente tem medo de bala perdida, e vamos ficar aqui", afirmou.

"Estamos confinadas, literalmente, dentro de um apartamento."

'NINGUÉM AGUENTA MAIS'

Sem internet, as brasileiras também não conseguem entrar em contato com suas famílias no Brasil. Além disso, é impossível colocar crédito no celular pré-pago que ela usa por causa da falta de segurança nas ruas.

E elas também não tem mais libras egípcias, apenas dólar, porque os bancos estão fechados. Para comprar comida nesta segunda-feira, elas juntaram as últimas libras que tinham. Agora, elas dependem de amigos comprarem seus dólares para poder comer.

Questionada sobre se o governo do ditador Hosni Mubarak é o responsável pelo clima de tensão e violência no país, Rossana respondeu: "Ninguém aguenta mais, são 30 anos de poder. Os jovens egípcios são inteligentes, não têm emprego, a pobreza é muito grande no Egito, a sujeira".

"E as pessoas estão pedindo para ele [Mubarak] para ter mudanças. Aqui é ditadura, eles querem democracia, eles querem voto."

Fonte: Folha de S. Paulo

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