quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Conheça os principais personagens envolvidos na crise da Polícia Civil do Rio

A Operação Guilhotina, deflagrada na última sexta-feira, abriu uma crise na Polícia Civil ao desvendar um dos maiores esquemas de corrupção policial no Rio desde a prisão do chefe da Polícia Civil Álvaro Lins, em 2008. Depois de mais de um ano de investigação, 38 pessoas foram presas, incluindo 30 policiais suspeitos de vários crimes, entre eles desviar armas apreendidas e vendê-las a traficantes. Entre os acusados está o ex-subchefe operacional da Polícia Civil, Carlos Oliveira, que até agosto era o braço direito do Chefe da Polícia Civil, delegado Allan Turnowski. Após a denúncia contra o ex-subordinado, o próprio Turnowski passou a ter o cargo ameaçado, e quatro dias após a operação,ele entregou o cargo após conversa com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. ( Conheça os principais personagens envolvidos na crise da Polícia Civil)

Há pelo menos três meses, uma disputa interna teria sido iniciada na cúpula da Polícia Civil por causa da mudança de comando na corporação. A dança das cadeiras começou depois que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, foi informado pela Polícia Federal dos crimes praticados pelos policiais que estavam sob o comando de Carlos Oliveira. Na ocasião, os nomes de dois delegados - Claudio Ferraz e Rivaldo Barbosa, então subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança - foram cogitados como possíveis sucessores de Turnowski.

Confira abaixo os principais personagens da crise da polícia:

- Ex- chefe de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski:

No dia em que a Operação Guilhotina foi deflagrada, na última sexta-feira, ele foi chamado a depor na Polícia Federal sobre o envolvimento de seu ex-subchefe operacional, Carlos Antônio Luiz Oliveira, com uma quadrilha ligada ao desvio e venda de armas a traficantes. Perguntado pelo delegado federal Paulo César Barcelos sobre o "suposto recebimento da quantia de R$ 200 mil" pela Chefia de Polícia Civil - propina que seria recebida por cada delegacia -, Turnowski alegou que, sendo 180 delegacias no estado, o total chegaria a um valor estratosférico, o que, por si só, desqualificaria a denúncia. Ele disse ainda que, se houvesse alguma prova de sua participação no esquema, ele teria sido preso, mas sequer foi indiciado. No entanto, quatro dias depois da operação ele entregou o cargo.

Enquanto ainda estava no cargo, dois dias depois de prestar seu depoimento, Turnowski determinou uma devassa na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), onde, sob o comando do delegado Claudio Ferraz, começou parte da investigação que resultou na Operação Guilhotina. A delegacia teve as portas lacradas. A iniciativa de investigar a Draco, segundo o então chefe da Polícia Civil, foi tomada a partir de denúncias sobre o suposto envolvimento da equipe do delegado Claudio Ferraz em extorsões contra empresários e prefeituras.

Turnowski ingressou na Polícia Civil em 1996, depois de passar no concurso para delegado de polícia. Desde então, ele atuou na 16ª DP (Barra da Tijuca), na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFA), sendo promovido a diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), onde ficou por seis anos. Neste último cargo, ele foi nomeado pelo ex-chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins - que chegou a ser preso por formação de quadrilha e ainda responde a processo por lavagem de dinheiro - e mantido pelo sucessor dele, Gilberto Ribeiro. Ele assumiu o cargo de chefe de Polícia em março do ano passado.

- Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame:

Em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério Público Estadual, a Secretaria de Segurança Pública, sob o comando de José Mariano Beltrame, deflagrou a Operação Guilhotina. No início da tarde da última sexta-feira, o secretário deu uma coletiva fazendo um balanço da ação. Na ocasião, ele disse que não poderia fazer julgamento precipitado e que o chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, ainda gozava de sua confiança. Beltrame ressaltou que se ele tivesse conhecimento efetivo de ações ilícitas cometidas por Turnowski, providências já teriam sido tomadas. Um dia após a operação, no entanto, o secretário afirmou em entrevista ao RJ-TV, da Rede Globo, que ninguém estava garantido no cargo e que nenhum subordinado tinha carta branca, referindo-se ao chefe da Polícia Civil.

Na quinta-feira, um dia antes do início da Operação Guilhotina, Beltrame nomeou o delegado Cláudio Ferraz subsecretário da Contra Inteligência. Na mesma ocasião, o secretário determinou que a Draco, delegacia que Ferraz chefia, voltasse a ficar sob o comando direto da Secretaria de Segurança, saindo assim da estrutura hierárquica da Polícia Civil.

No domingo, após decidir fazer uma devassa na Draco, Turnowski disse que a decisão foi comunicada a Beltrame. O secretário iria a Brasília, mas mudou a agenda para acompanhar o desfecho do episódio. De acordo com a assessoria, ele preferiu não responder se a iniciativa de Turnowski seria uma represália à equipe da Draco.

Gaúcho de Santa Maria, José Mariano Beltrame, veio para o Rio em 2003 para integrar a Missão Suporte, da Polícia Federal. Ela tinha como objetivo ajudar o Estado a combater o crime organizado. A missão era para durar dois meses, mas acabou se estendendo por três anos. No fim de 2006, Beltrame foi convidado pelo então governador eleito Sérgio Cabral para a ser secretário de Segurança. Ele assumiu o cargo em janeiro de 2007, com a promessa de Cabral de que não haveria ingerência política na segurança pública.

Sob o comando de Beltrame, o governo começou a implantar as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em comunidades dominadas pelo tráfico e pela milícia.

Prestigiado pelo governador Sérgio Cabral neste início de segundo mandato, principalmente pelo sucesso das UPPs e pela bem-sucedida ocupação do Complexo do Alemão pelas forças de segurança, Beltrame pretende repetir, nas polícias Civil e Militar, a receita que usou ao assumir a pasta. Quando sentou no gabinete da Praça Cristiano Ottoni, em janeiro de 2007, levou delegados de sua confiança, ambos da Polícia Federal, para as duas principais subsecretarias: Roberto Sá, na de Integração Operacional, e Edval Novaes, na de Inteligência.

- Delegado Carlos Antônio Luiz de Oliveira:

Acusado de chefiar uma quadrilha ligada ao desvio e venda de armas e munições a traficantes, e de explorar como milícia a favela Roquete Pinto, em Ramos, o delegado Carlos Oliveira se entregou, na sexta-feira, à Polícia Federal e foi levado para o presídio Bangu 8. Braço direito de Allan Turnowski quando ocupou o cargo de subchefe da Polícia Civil, o delegado ocupava atualmente o cargo de subsecretário de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop). Após as denúncias, a prefeitura anunciou a sua exoneração.

O delegado é suspeito de ter vazado para o tráfico a operação que a Polícia Federal faria, em setembro de 2009, na Rocinha. Essa suspeita desencadeou as investigações, que resultaram na Operação Guilhotina. Oliveira seria ainda responsável por apropriação e desvio de uma submetralhadora, um fuzil AR-15 e três pistolas, supostamente apreendidos pela polícia no Morro do Urubu, em Pilares.

Ainda segundo o inquérito, o delegado teria desviado também quatro fuzis, 15 pistolas e grande quantidade de munição (cerca de 40 mil projéteis) e drogas, apreendidos numa operação da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) nos morros da Mineira (Catumbi) e de São Carlos (Estácio).

Carlos Oliveira adquiriu, recentemente, um apartamento avaliado em R$ 1,3 milhão no Residence Saint Martin, no Condomínio Península, na Barra da Tijuca. Além do imóvel de quatro quartos no Saint Martin, o delegado teria ainda um Audi A4 e imóveis em Campo Grande, na Zona Oeste.

- Delegado Claudio Ferraz, titular da Draco:

Ele está à frente da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), de onde começou parte da investigação que resultou na Operação Guilhotina. Desde domingo, no entanto, a unidade tem sido alvo de uma devassa após uma denúncia recebida por Allan Turnowski do suposto envolvimento da equipe de Ferraz em extorsões contra empresários e prefeituras. Os policiais teriam arquivado inquéritos que investigam fraudes em licitações de prefeituras, entre elas a de Rio das Ostras.

Ferraz, de 48 anos, colocou atrás das grades 676 milicianos, metade deles agentes da lei - policiais militares, civis, bombeiros e agentes penitenciários. A experiência adquirida em meio às investigações relacionadas a policiais transformou o delegado em um dos coautores do livro "Elite da Tropa 2".

Antes de ser nomeado titular da Draco, Claudio Ferraz passou por diversas delegacias, entre elas a Divisão Anti-Sequestro (DAS). Na Draco, Ferraz coordenou investigações que resultaram, por exemplo, nas prisões do ex-deputado estadual Natalino Guimarães e seu irmão, o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho. Ambos ex-integrantes da Polícia Civil, que chefiavam uma milícia que atuava em Campo Grande, na Zona Oeste. Ferraz também levou à prisão o traficante Miltinho do Dendê, um dos bandidos mais procurados do Rio, na década de 90.

- Leonardo da Silva Torres, o Trovão:

O grupo, segundo a PF, negociava armas arrecadadas em operações policiais com os traficantes Nem da Rocinha e Roupinol. Os bandidos ainda pagavam mensalmente, cada um, R$ 50 mil aos policiais para receber informações sobre ações policiais em sua comunidades.

O bando chefiado pelo inspetor Torres costumava revender para Roupinol armas e drogas apreendidas em favelas dominadas pela facção rival. Foi o que aconteceu em 2009, após o grupo realizar uma operação no Morro da Mangueira. Na ocasião, uma metralhadora .30 apreendida na ação foi desviada e vendida para Roupinol. A investigação cita várias outras negociações conduzidas por Torres, que estava lotado na 17a. DP (São Cristóvão.

Um dos trechos da interceptação telefônica feita pela PF mostra que até as mulheres dos policiais sabiam do envolvimento deles na venda de armas. O grupo também aparece negociando pistolas Glock e dois fuzis AR-15, que não acabaram não sendo entregues ao bando de Roupinol, que já havia pago antecipadamente.

O bando do inspetor Torres também participou da "garimpagem" no Complexo do Alemão. De acordo com o relatório da PF, o inspetor teria encontrado R$ 2 milhões no alto do Alemão. O dinheiro, segundo escutas, foi retirado da favela à noite.

Em junho de 2007, Trovão foi um dos principais integrantes da patrulha avançada, que precedeu os policiais na batalha travada no Complexo do Alemão. "Tenho vocação para ser guerreiro e meu sonho é ir para o Iraque", disse ele na época, quando integrava os quadros da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (DRAE). Torres tem cursos na Swat americana e no Centro de Inteligência da Marinha.

1 comentários :

Anônimo disse...

VAI A CABAR EM PIZZA COMO SEMPRE

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