segunda-feira, 2 de agosto de 2010

As ligações perigosas das ongs que atuam na floresta

Por Hugo Souza

Nos últimos anos, dezenas de ongs indigenistas e ambientalistas que atuam na Amazônia vêm sendo alvos de investigações da Abin e da Polícia Federal.

Os países amazônicos governados por grupos partidários da chamada “nova esquerda” latino-americana parecem ter entrado em guerra contra organizações não-governamentais indigenistas e ambientalistas, as estrangeiras ou aquelas financiadas com dinheiro de governos e entidades com ou sem fins lucrativos dos EUA e da Europa.

No início de julho, o governo do Peru cancelou o visto de um religioso britânico que participou de manifestações em defesa da Amazônia e avisou que não permitirá que estrangeiros realizem protestos no país. Em Quito, o presidente Rafael Corrêa se referiu a manifestantes ligados à Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador como “gringuitos” que se organizam em “grupitos” e se autodenominam ongs. Na Bolívia, o mesmo Evo Morales que há cinco anos tomava posse trajando um “aguayo” (tecido costurado à mão pelos índios aimará e quíchua) agora acusa o seu povo de estar sendo manipulado por estrangeiros a fim de desestabilizar seu governo.

Na Amazônia boliviana, prefeitos do departamento (estado) de Pando, no norte do país, expulsaram da região cinco ongs ligadas à Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês), entidade ligada ao Departamento de Estado norte-americano. O próprio Evo Morales ameaçou proibir a presença da Usaid na Bolívia, dizendo que a agência dos EUA incorreu em ingerência no país ao, segundo ele, incitar ongs e índios a realizarem uma grande marcha de protesto contra o governo central de La Paz.

A fúria de Morales contra as ongs tem mais a ver com a disputa interna por hegemonia política do que com a defesa da soberania boliviana, mas os laços da Usaid com grandes ongs que atuam na Amazônia é um fato que carece de maior transparência, tendo em vista as reiteradas denúncias de que o ambientalismo-indigenismo vem sendo usado pelos países-ricos como um instrumento de dominação geopolítica.

‘Gosto de árvores, floresta…’

No Brasil, a Usaid consta como “parceira” de ongs como a SOS Amazônia e Centro dos Trabalhadores da Amazônia, organização fundada pela ex-ministra do Meio Ambiente e atual candidata do PV à presidência da República, Marina Silva. As ongs que recebem dinheiro da Usaid costumam funcionar como satélites das chamadas “king ongs” (as ongs maiores, com sedes no exterior e que estabelecem as linhas-mestras de atuação para suas congêneres menores e locais). Foi também a Usaid que formulou a campanha Iniciativa para a Conservação da Bacia Amazônica, com o objetivo de aprimorar a “governança ambiental” de ongs na região.

No ano passado, a Usaid acertou um acordo com os índios suruí de Rondônia com a intermediação da ong norte-americana Forest Trend. O objetivo declarado é organizar um fundo para vender créditos de carbono obtidos com ações de preservação na reserva dos suruí. O cacique Almir Suruí já recebeu uma homenagem na cidade de Los Angeles, nos EUA, e teve um encontro em Londres com o príncipe Charles, que tem uma “fundação ambiental”.

Nos últimos anos dezenas de ongs indigenistas e ambientalistas que atuam na Amazônia vêm sendo alvos de investigações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal por compra ilegal de terras, espionagem, contrabando, apropriação de saberes indígenas e prospecção de riquezas minerais e vegetais a serviço de empresas estrangeiras.

Uma dessas ongs é a Cool Earth, criada pelo sueco Johah Eliasch, empresário que chegou a lançar uma campanha no Reino Unido pedindo doações para a compra de terras na região norte do Brasil. Em 2008, quando foi perguntado pelo Fantástico, da Rede Globo, sobre o motivo desse seu tipo de interesse em nosso país, Eliasch respondeu: “Gosto de árvores, floresta…”. Pouco tempo depois da entrevista de Johah Eliasch ao Fantástico o abnegado nórdico amante da natureza recebeu uma multa do Ibama por causa da derrubada ilegal de 230 mil árvores na Amazônia.

Caro leitor, você acredita que há interesses econômicos por trás das ongs estrangeiras que atuam na Amazônia?

É mesmo provável que o ambientalismo-indigenismo possa ser usado como um instrumento de dominação geopolítica?

A presença destas organizações na Amazônia representa uma ameaça à nossa soberania?

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